Senado adia MP da subvenção por falta de acordo

Congresso corre para aprovar pautas econômicas antes de recesso

Por Ana Paula Marques

Sem acordo, senador Jaques Wagner propôs adiamento da MP

O Senado Federal adiou para quarta-feira (20) a votação da Medida Provisória (MP) da Subvenção do ICMS, texto que altera as regras e torna mais rígidas a concessão de incentivos fiscais pelos estados a empresas. Parlamentares não entraram em acordo sobre o texto que estava sendo votado na última sessão Plenária de terça-feira (19).

O líder do governo no Senado Federal, senador Jaques Wagner (PT-BA), propôs adiar a votação para que tentar encontrar um consenso com os parlamentares contrários a MP, que em sua maioria são senadores da oposição. Eles declaram que subir as tributações para as empresas poderia interferir na geração de empregos.

A MP é um dos pontos centrais da pauta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Além de reduzir a guerra fiscal entre os estados, o governo estima arrecadar R$ 35 bilhões. Um caminho, portanto, considerado fundamental para que o governo consiga aumentar a arrecadação e Haddad manter sua meta de déficit zero. Além disso, segundo os cálculos da área econômica do Executivo, a medida evitaria uma perda de arrecadação de outros R$ 70 bilhões.

A pasta da Fazenda declara que o Brasil pode chegar a uma grave crise fiscal no próximo ano se a medida provisória não for aprovada, já que ela corrige distorções em benefícios fiscais de ICMS dados a empresas.

Subvenção

Em 2017, a criação de uma lei permitiu que os estados pudessem conceder uma redução na base de cálculo dos impostos cobrados das empresas — os incentivos fiscais. Consequentemente, a base para cobrar taxas diminuiu, assim como a arrecadação da União.

A MP do Governo pretende tornar as regras mais rígidas, e assim aumentar a arrecadação da Federação. De acordo com a Fazenda, não é só o déficit zero que poderia ser ameaçado pela não aprovação da medida, também poderia atingir o cumprimento das regras do arcabouço fiscal.

Os senadores da oposição querem mudanças no texto, que já tinha sido alterado quando analisado em uma comissão mista criada para analisar a MP. Antes, o governo havia proposto que se cobrasse tudo o que não foi pago de imposto no passado. Porém, os parlamentares aprovaram na comissão que seja dado um desconto de 80% sobre os impostos retroativos e que o valor a ser pago possa ser dividido em 12 vezes.

Apostas esportivas

Outra matéria importante para o governo também deve ser votada antes do recesso parlamentar de fim de ano: o Projeto de Lei (PL) das apostas esportivas. É o que indica o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ao tentar uma articulação com a bancada evangélica, durante os próximos dias, para retomar a possibilidade de incluir os cassinos online no projeto.

Esse trecho tinha sido aprovado na Câmara em setembro. Mas foi retirada do texto durante a discussão da proposta no Senado — em vitória para a oposição da Casa. Por sofrer essas e outras alterações, o texto retornou à Câmara.

Agora Arthur Lira e o relator do projeto, deputado Adolfo Viana (PSDB-BA), devem se reunir com integrantes da bancada que são contra a proposta por avaliar que a regulamentação incentiva o vício em jogos.

O texto aprovado até aqui, atribui que a carga tributária em cima das empresas de apostas esportivas será de 12% e de 15% sobre os prêmios obtidos por apostadores. Ela também faz parte do plano de tributações elaborado pelo ministro da Fazenda.