Briga no Congresso: Lira cobra punição para deputados

Confusão entre oposição e base governista levou a agressões durante a promulgação da reforma tributária

Por Ana Paula Marques

Quaquá deu um tapa em Messias Donato em sessão

O presidente do Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cobrou das lideranças partidárias que sejam tomadas providências sobre a agressão que ocorreu entre parlamentares durante a sessão de promulgação da reforma tributária na última quarta-feira (20). Em entrevista à GloboNews, Lira exigiu que o PL e o PT não façam um "acordo" para proteger os envolvidos.

A confusão envolve os deputados Washington Quaquá (PT-RJ), Messias Donato (Republicanos-ES) e Nikolas Ferreira (PL-MG), durante a sessão de promulgação. Os deputados trocaram xingamentos, que culminaram com um tapa de Quaquá na cara de Donato.

Durante o ano de 2023, discussões e bate-bocas envolvendo deputados foram parar na Comissão de Ética sem que tivessem acontecido puniões. Lira critica essa posição “branda” dos partidos. “Eu apelo, sim, à dignidade política dos partidos dos envolvidos para que depois que esses deputados patrocinaram todo tipo de deselegância, ato de falta de decoro, não se tenha acordo no Conselho de Ética, com união entre PT e PL, como já houve em outros casos, para proteger os que lá foram”, disse.

Desmoraliza

Além de cobrar atitudes enquanto a briga, Lira ainda disse que a confusão ofuscou a importância do dia pela promulgação da reforma tributária. "Deprecia, desmoraliza, é ruim para o Parlamento. As imagens que ficam e que vão para o mundo são depreciativas", lamentou. A reforma tributária é algo discutido pelo Congresso Nacional há mais de 30 anos e sua aprovação é vista como um marco histórico.

Lira cobra atitude das lideranças, pois uma representação contra algum parlamentar só pode ser feita por líderes partidários que apresentarem a denúncia para análise do fato no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. As medidas disciplinares a quem comete decoro podem ser: advertência, censura (verbal ou escrita), perda temporária do exercício do mandato ou a cassação.

O presidente da Câmara também adiantou que ria se reunir com líderes partidários para discutir o assunto. “Infelizmente, aconteceu e eu espero que os membros do Conselho de Ética ajam com rigor necessário porque existira xingamento de todos os lados”, defendeu.

Pedidos de cassação

O deputado Zeca Dirceu (PT-RS) declarou que irá protocolar representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para pedir a cassação dos parlamentares que gritavam “Lula Ladrão” durante a entrada do presidente na sessão de promulgação da reforma tributária.

Dirceu descreveu na rede social X, antigo Twitter, que também irá entrar com representação para aqueles que agrediram verbalmente a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

“Conselho de Ética e cassação! Já estamos com os vídeos dos ataques ao presidente Lula e à ministra Simone Tebet na Câmara. Cada deputado desqualificado que xingou e agrediu será processado no Conselho de Ética. Já chegará a do Nikolas Ferreira”, publicou na rede social.

Nikolas também se manifestou na rede social. Ele republicou o vídeo em que o deputado Washington Quaquá responde à imprensa a pergunta se cometeria novamente o ato de agressão, ao qual ele responde que sim. Na legenda, Nikolas pede a cassação de Quaquá, logo na próxima publicação, ele responde a Dirceu “Querem me cassar por chamar Lula de ladrão? Se não puder afrontar um opositor político, acabou a política”, continua. “Se ofensa for motivo de cassação, imagine um tapa na cara”.

Ao Correio da Manhã, o deputado Quaquá se defendeu: “Apenas reagi a uma agressão do deputado que tentou tomar o celular da minha mão e me empurrou. Reagi e sempre reagirei a agressões”, disse. O deputado não respondeu ao ser perguntado se espera alguma punição a partir do ocorrido.