Por: Rudolfo Lago e Murilo Adjuto

Como será o último ano de Lira e Pacheco?

Parlamentares especulam substitutos de Lira e Pacheco | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

A polêmica em torno da Medida Provisória (MP) proposta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que propõe a reoneração da folha previdenciária dos 17 setores da economia que mais empregam, fechou o ano de 2023 reacendendo a chama da disputa entre os poderes. A desoneração da folha de pagamentos havia sido aprovada pelo Congresso, que depois reafirmou sua posição ao derrubar o veto presidencial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A insistência de Haddad ao propor a reoneração foi interpretada como uma afronta à vontade do Legislativo. O que Pacheco fará com relação à MP apontará como será a relação do Congresso com o governo em seu último ano como presidente do Senado.

Na Câmara, também será o último ano de Arthur Lira (PP-AL) na presidência, o todo-poderoso líder do Centrão. Lira chega ao final do seu mandato com o desafio de tentar impor seu comando mesmo deixando de ser o presidente da Câmara. E larga com uma vitória. Se antes ele já era considerado o dono da chave do cofre do orçamento, em 2024 os deputados e senadores terão uma quantidade de recursos à sua disposição nunca vista: R$ 53 bilhões em emendas orçamentárias.


Essas situações pesarão na escolha dos sucessores de Lira e Pacheco. Uma discussão que já vinha intensa mesmo em 2023. No Judiciário, também a perspectiva de mudanças, com a entrada de Flávio Dino no Supremo Tribunal Federal (STF), alguém de perfil bem diverso ao de sua antecessora, a ministra Rosa Weber, bem mais discreta e menos política.


Câmara

Na Câmara, partidos se movimentam para a sucessão de Lira. Com a maioria conservadora entre os deputados, nem o PT nem qualquer outro dos seus aliados de esquerda têm nomes fortes para a disputa. O governo, assim, deverá apoiar alguém surgido dos blocos mais conservadores que hoje orbitam junto a Lula.

Embora não tenha se posicionado oficialmente, o que se comenta é que a preferência de Lula seria pelo nome do atual vice-presidente da Câmara e presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP). Uma aliança nesse sentido poderia vir a consolidar a presença do Republicanos no governo.

Mas o nome de preferência de Arthur Lira para a sua sucessão é o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA). A pretensão do União é grande. No caso, caso prevaleça o nome de Elmar Nascimento, o partido poderia vir a ter o comando das duas Casas, já que Davi Alcolumbre (União-AP) é o favorito para suceder Rodrigo Pacheco no Senado.

De acordo com o Cientista Político, André César, seja Marcos Pereira seja Elmar Nascimento, o comando da Câmara continuará sendo de alguém do Centrão. O que não deve ocorrer é um distanciamento de Lira quanto ao próximo presidente da casa. Lira manterá presença nas atividades. Se vencer Elmar, mesmo como um possível conselheiro do próximo presidente.

Senado

No Senado, nem se especula, a essa altura, alguma alternativa ao plano de Davi Alcolumbre de voltar à presidência após o mandato de Rodrigo Pacheco. Seria um retorno. Alcolumbre elegeu-se presidente em 2019 e, depois, foi o principal padrinho da eleição de Pacheco. Agora, Pacheco lhe devolveria o cargo.
Em meados do ano passado, um movimento tentou reverter essa tendência. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) procurou o presidente do PSD, Gilberto Kassab, propondo uma aliança. Por ela, o MDB apoiaria a candidatura do líder do PSD, Antônio Brito (BA), para a presidência da Câmara. Em troca, o PSD apoiaria um nome do MDB no Senado.

Por conta dessa articulação, Alcolumbre foi em busca do apoio da oposição. Reuniu-se com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Tal movimento coincide com o momento em que Pacheco começou a demonstrar uma postura mais independente no Senado.

As articulações, porém, entre o MDB e o PSD não avançaram. O partido, inclusive, tem pretendentes correndo por fora para o comando do Senado: os senadores Otto Alencar (BA) e Eliziane Gama (MA).
“O Alcolumbre é o nome mais forte. Eu diria, hoje, o único. Ele manteve não só boas relações políticas governistas com o governo Lula, mas também conversas com a oposição. Ele conversa até com os bolsonaristas. Então ele me parece, o homem certo no lugar certo na hora certa”, avalia André Cesar.

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