Por: Ana Paula Marques

Indicada por Lula, Marta Suplicy deverá ser vice de Boulos

Após conversa com Lula, Marta deve voltar ao PT | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nem o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP), sabia que a ex-prefeita da cidade Marta Suplicy era o nome escolhido para ser a sua parceira nas eleições municipais deste ano. Nem indicou ainda se concorda mesmo em tê-la como sua candidata a vice-prefeita. Ao ser perguntado pela imprensa em evento do PDT, que declarou apoio à sua candidatura, Boulos disse que o acordo é que o PT fará a indicação de vice. Mas completou: “Não conversei com a Marta após o encontro dela com o presidente Lula”.

A informação de que Marta Suplicy teria aceitado ser vice após o encontro com Lula ainda não foi oficialmente confirmada. Mas caso Marta aceite ela terá de se filiar, novamente, ao Partido dos Trabalhadores. Ela agora é secretária de Relações Internacionais da Prefeitura de Ricardo Nunes (MDB), que deve concorrer à reeleição contra Boulos, e negocia o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Boulos, porém, elogiou Marta: “Ela deixou legado como os CEUs [Centros Educacionais Unificados], como bilhete único, corredores de ônibus. Vamos com tranquilidade que terá em breve a definição de vice”, disse.

Quando as negociações de Marta com o PT e Lula foram divulgadas na imprensa, a secretária pediu férias de um mês da gestão no município de São Paulo.

Ruptura

Irritado com a negociação de Marta com o PT, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, preparou a carta de demissão de sua secretária de Relações Internacionais. Decepcionado com a escolha de Marta de fazer parte da campanha de seu possível concorrente, Nunes se reuniu na prefeitura com aquela que hoje já será sua ex-secretária, ainda na tarde de terça-feira (9). Para Nunes, houve quebra de confiança por parte de Marta.

Ainda no começo de dezembro do ano passado, surgiu a ideia de trazer a ex-prefeita de SP para a campanha de Boulos. Na época, Marta já havia sido cogitada como possível vice, mas na chapa do próprio Nunes.

Marta e PT

Marta foi filiada ao PT por 33 anos, quando em 2015, oficializou a sua filiação ao então PMDB agora MDB. A justificativa de Marta na época foi que “diante de relações conflituosas, sem a menor perspectiva de melhora, e que ferem os nossos princípios, o melhor caminho a se tomar, por mais doido que seja, é o rompimento”.

No evento em que divulgava o rompimento, estavam presente o então presidente em exercício, Michel Temer, — Dilma Rousseff passava pelo processo de impeachment e estava afastada do cargo de presidente do Brasil — o presidente do Senado na época, Renan Calheiros (MDB-AL), e o presidente da Câmara dos Deputados na ocasião, Eduardo Cunha (então no MDB do Rio de Janeiro), que, no ano seguinte, abriu o inquérito de impeachment de Dilma.

Em 2016, como senadora, Marta votou a favor do impeachment da então presidente Dilma, o que causou mais conflito entre ela e o PT. Marta criticou os escândalos que rondavam o partido, sobre principalmente as investigações da Lava Jato.

Ela também não poupou críticas à gestão de Fernando Haddad (PT), que chamou de “pior prefeito que São Paulo já teve”. Hoje ministro da Fazenda, Haddad foi prefeito da cidade entre 2013 e 2016.

Mas em 2023, Marta fez uma revisão do seu voto favorável ao impeachment de Dilma. “Votei pelo impeachment e achei que era coerente com o que eu achava que era o certo naquele momento. Depois, analisei, porque houve os resultados... Não sei se foi fruto só do impeachment, mas tivemos o Bolsonaro, que foi uma praga para o Brasil", afirmou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.