Por: Redação

Filho da ministra diz que virá a Brasília em busca de recursos

Gráfico mostra salto na liberação para Cabo Frio após a liberação feita no dia 5 de dezembro de 2023 | Foto: Ministério da Saúde

Na semana passada, em entrevista ao portal RC24horas, o secretário de Cultura do município de Cabo Frio, Márcio Lima Sampaio, informou que pretendia ir a Brasília já esta semana em busca de recursos. “Vamos semana que vem para Brasília para buscar recursos para a Cultura”, disse ele, na entrevista. No caso, Márcio, assim, prometia começar a fazer o que a prefeita de Cabo Frio, Magdala Furtado, disse esperar dele, conforme nota divulgada pela prefeitura na semana passada.

“Além da experiência do novo secretário, a prefeita Magdala Furtado levou em consideração a proximidade de Sampaio com o Ministério da Cultura e a Secretaria da Cultura do Estado do Rio de Janeiro, o que vai ajudar o município a levar mais projetos e atrair recursos para Cabo Frio”, dizia a nota.

Na mesma entrevista, Márcio Sampaio admitia que o cargo na Secretaria de Cultura era sua experiência na gestão pública cultural. Até então, seu envolvimento na cultura era na área privada, especialmente como integrante da banda Ponto de Equilíbrio. De onde viria, então, sua “proximidade com o Ministério da Cultura?”

Márcio Lima Sampaio é filho da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Como informou a coluna Magnavita na semana passada, tornou-se secretário municipal exatamente um mês depois que o Ministério da Saúde destinou R$ 55 milhões para Cabo Frio. A destinação foi feita a partir de portaria publicada no dia 5 de dezembro de 2023. No dia 5 de janeiro deste ano, Márcio tornou-se secretário de Cultura.

Salto

Gráfico do próprio Ministério da Saúde mostra o salto dado nos recursos do município para a área de saúde após a destinação feita no final do ano. Até então, as destinações para Cabo Frio no máximo ficavam em torno de R$ 10 milhões. No final do ano, houve o salto para R$ 55 milhões.

A portaria GM/MS nº 2.169 do Ministério da Saúde destinou recursos para 14 municípios. Entretanto, Cabo Frio ficou com mais da metade (56%) do total de R$ 103 milhões. Para se ter uma ideia, a destinação per-capita para o município foi de R$ 250. Para Campina Grande, na Paraíba, o valor por habitante ficou em R$ 7.

Parlamentares como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o deputado Kim Kataguiri (União-SP) pedem explicações à ministra para os repasses. O procurador da República junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, entrou com uma representação pedindo a abertura de uma investigação. “Causa espécie que apenas um mês depois da liberação da verba pública, o filho da ministra da pasta tenha sido nomeado para exercer o cargo de secretário municipal de Cultura naquela municipalidade, sem que tenha qualquer experiência na área de gestão”.

Defesa

Na terça-feira (15), políticos do PT saíram em defesa de Nísia Trindade nas redes sociais, atribuindo as notícias a pressão política do Centrão para obter o cargo da ministra. “Ministra Nísia Trindade está sendo alvo de intrigas e notícias falsas plantadas na imprensa contra sua gestão”, escreveu no seu perfil no X (antigo Twitter) a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). “Por trás disso, obviamente, estão grupos políticos ávidos por abocanhar o Ministério da Saúde. A ministra já mostrou sua competência e seu compromisso com nosso projeto de país. Tem toda solidariedade do PT”, disse Gleisi.

“Por que a competência, a seriedade e o comprometimento da ministra com o povo brasileiro e com nosso projeto de reconstrução do país têm causado tanto incômodo?”, emenda o senador e ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT-PE). 

Nem Gleisi nem Costa comentam nem rebatem, porém, o fato de o filho da ministra ter se tornado secretário de Cultura de Cabo Frio um mês depois da liberação de recursos para o município.

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