Por: Gabriela Gallo

Plano prevê R$ 300 bi para a indústria

Plano visa impulsionar indústria brasileira e tprná-la mais competitiva | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A semana começou com mudanças no setor industrial. Nesta segunda-feira (22), o governo sancionou o programa “Nova Indústria Brasil”, um plano de ações para estimular o setor. Até 2026, o governo liberará R$ 300 bilhões em financiamentos para os setores da indústria implementarem a nova política industrial. Desse total, R$ 106 bilhões já haviam sido anunciados em julho de 2023 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). Os recursos serão disponibilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A nova política industrial será implementada em uma parceria entre a iniciativa privada e o poder público.

O projeto estabelece metas para serem alcançadas até 2033, que serão divididas em seis missões. A primeira é garantir segurança alimentar para a população brasileira, com ajuda das cadeias agroindustriais. A meta é ‘mecanizar’ 70% dos estabelecimentos de agricultura familiar. A segunda missão é ampliar de 42% para 70% a participação de produções na área da saúde, com ampliação de produção e aquisição de vacinas, medicamentos, equipamentos e dispositivos médicos.

A terceira missão é reduzir em 20% o tempo que as pessoas levam para se deslocar de casa para o trabalho, além de ampliar a cadeia da indústria do transporte público sustentável. A quarta é tornar a indústria mais moderna e eficiente. A quinta é ampliar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transporte. Finalmente, a sexta missão é alcançar autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas para a defesa.

Experiências

Em entrevista ao Correio da Manhã, o economista César Bergo destacou a importância de uma política industrial “levando em consideração as vantagens competitivas do país”.

“Não se trata de uma política generalizada, ela é específica a alguns setores, onde vai ter crédito, subvenção, subsídios, o que ocorre em outras partes do mundo também. Então, se tomou como exemplo algumas experiências internacionais e tenta introduzir no Brasil, sobretudo em alguns setores que passamos por dificuldades”, afirmou o economista.

Durante o evento, o presidente reiterou que “os empresários brasileiros têm que acreditar no Brasil”.

“Muitas vezes, para o Brasil se tornar competitivo, tem que financiar no que ele quer exportar. A gente não pode agir como a gente sempre agiu, achando que todo mundo é obrigado a gostar do Brasil, que todo mundo vai comprar do Brasil sem que a gente cumpra com as nossas obrigações. O debate a nível de mercado internacional é muito competitivo, é uma guerra”, declarou Lula.

BNDES

César Bergo destacou que o BNDES é fundamental para este investimento já que “ele tem a garantia de crédito a longo prazo”. “Outro fator importantíssimo é a questão do mercado de capitais também atuando junto para fazer o fomento e o crescimento desse setor industrial. Em 1982 para cá a indústria só vem caindo e realmente é necessária essa modernização e aproveitamento das vantagens competitivas do país”, afirmou.

Já a economista e professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Carla Beni, disse à reportagem que “como a indústria vem perdendo espaço dentro do PIB [Produto Interno Bruto], ter uma linha condutora é muito importante”.

“O Estado precisa trabalhar junto com o setor privado. Eles jamais são excludentes, eles precisam trabalhar em conjunto, e o Estado vem como um fio condutor para justamente organizar essa estrutura”, disse Beni em conversa com o Correio da Manhã.

Arcabouço

Questionada pela reportagem, a professora da FGV considera que um grande desafio econômico do governo federal para este ano será tentar alcançar a meta do déficit zero, especialmente após as mudanças feitas no texto aprovado do novo arcabouço fiscal.

“O orçamento aprovado, por exemplo, cortou uma parte do próprio PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] para aumentar as emendas parlamentares. Então isso realmente vai dando uma transferência do poder orçamentário, que vai mudando de mão. Ele sai do poder Executivo e vai cada vez mais para o poder Legislativo. Esse é um grande desafio em executar os programas de governo, visto que o orçamento vai passando cada vez mais para a mão do Legislativo”, analisou a economista.

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