Por: Gabriela Gallo

Carlos Bolsonaro prestará depoimento à PF

Desdobramento de operação da PF teve Carlos como alvo | Foto: Renan Olaz/CMRJ

A semana começou movimentada para a oposição, em especial para o clã Bolsonaro. Na segunda-feira (29), a Polícia Federal (PF) deu continuidade à Operação Vigilância Aproximada, que investiga um suposto esquema de espionagem praticado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra autoridades. Com foco em pessoas acusadas de receberem informações produzidas de forma ilegal pela Abin, o alvo da vez foi o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (saindo Republicanos e indo para o PL). Em entrevista à CNN Brasil, Jair Bolsonaro afirmou que o filho irá depor na PF nesta terça-feira (30).

O vereador foi apontado pela polícia como “a principal pessoa da família que recebia informações da Abin paralela”. A apuração da PF ainda indica que ele teria dado a ideia de criar o grupo paralelo para usar a estrutura da Abin no monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas. As buscas nos endereços ligados ao vereador foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A polícia foi à casa da família Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ), onde o ex-presidente e os três filhos (Carlos, Eduardo e Flávio) passam o verão e onde realizaram uma live conjunta no último domingo (28), véspera da operação. Quando os agentes chegaram, a família não estava em casa porque tinham saído para pescar. Ao serem comunicados pelo advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, eles retornaram à residência e Carlos teve o celular e computadores apreendidos.

Durante a live conjunta, Bolsonaro negou o envolvimento dele e da família no caso, e afirmou que a suposta ‘Abin Paralela’ feita em seu governo, é porque ele optava por ligar diretamente para conhecidos em vez de acionar a inteligência oficial dos órgãos. “Por exemplo, está pegando fogo na Amazônia, eu ligo para o coronel Menezes [antigo membro do PL em Manaus], pergunto o que está acontecendo e ele me responde. Essa é a minha inteligência”, disse o ex-presidente.

Assessores

Além do vereador, também foram expedidos mandados de busca e apreensão contra Luciana Almeida, assessora de Carlos Bolsonaro, e Priscilla Pereira, assessora do ex-diretor-geral da Abin deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). As investigações da PF encontraram trocas de mensagens entre as duas, na qual Luciana teria pedido para Priscila informações sobre inquéritos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos.

“Como ressaltado pela autoridade policial, as ‘demandas’ eram tratadas por meio de assessoras, e não diretamente entre os investigados, ‘corroborando ainda mais o zelo em relação aos vestígios das condutas delituosas’, de modo que o não acolhimento da representação em relação à Luciana Almeida poderia prejudicar, significativamente, a colheita de provas e o deslinde da investigação”, escreveu Moraes na decisão que autoriza a operação da PF.

Repercussão

O segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), repudiou a operação da PF e a classificou como “perseguição do governo aos conservadores”. Ele reiterou que a operação contra Carlos Bolsonaro será levada aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

“Só demonstra o desespero da esquerda, que a cada dia vê um crescimento e o fortalecimento da direita e dos conservadores no Brasil. Um exemplo disso foi o sucesso da live ontem [domingo] com os índices recordes de audiência do presidente Bolsonaro”, disse Sóstenes ao Correio da Manhã.

Toc, toc

A investigação também gerou uma polêmica ao governo federal após uma publicação nas redes sociais oficiais do governo. No mesmo dia que foi anunciada a operação a comunicação social do governo publicou publicou um post nas redes sociais com uma foto de uma pessoa com manga comprida preta (lembrando o unifome da PF) batendo em uma porta. Na publicação estava escrito “Toc, toc, toc…”

Ao passar a imagem, aparece uma foto de divulgação para os cidadãos “abrirem as portas” para os agentes comunitários de saúde no combate à dengue. A publicação foi considerada polêmica por se referir a um meme em que a ex-deputada federal Joice Hasselmann fala: “Toc, toc, toc. Quem é? É a polícia federal”. O meme é usado com frequência nas redes sociais em operações da PF. A publicação em um canal institucional do governo relacionando uma campanha de saúde com um meme voltado para perseguir o maior adversário político de Lula, teve uma repercussão negativa e foi muito criticada. Os agentes de saúde usam coletes azuis, que nada têm a ver com a camisa de manga comprida preta que remete às roupas da PF.

Em entrevista à Globonews, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, negou que o post teve a intenção de provocar Bolsonaro. No entanto, ele confirmou a associação com a PF. Segundo ele, como as pesquisas ligadas à investigação da PF estavam em alta, a publicação usou o meme na intenção de chamar a atenção do público para a temática da dengue. “Nosso objetivo foi a dengue. Pelo ponto de vista publicitário, eu acredito que nós fomos bem-sucedidos”, afirmou o secretário.

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