Por: Ana Paula Marques

Brasil piora no ranking da corrupção

Forma como se relacionam os poderes tem atenção | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O Brasil caiu dez posições no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional em 2023. O levantamento, divulgado na terça-feira (30) mede como especialistas e empresários enxergam a integridade do setor público nas 180 nações avaliadas pela pesquisa.

O Brasil registrou 36 pontos em uma escala de zero a 100, onde zero significa “altamente corrupto” e 100 significa “muito íntegro”. O país ocupa então a 104ª posição na pesquisa feita pela entidade, com uma pontuação abaixo da média global — 43 pontos —, além de ficar abaixo também da média regional das Américas.

Ainda no recorte de corrupção das Américas, o Brasil ficou atrás, por exemplo, do Uruguai (com 76 pontos), do Chile (que pontua 66 pontos), de Cuba (com 42 pontos) e até mesmo da Argentina (37 pontos), que, em 2023, teve sua ex-presidente Cristina Kirchner condenada por atos de corrupção estatal.

A pesquisa

A Dinamarca liderou o ranking de 2023 como país menos corrupto, com 90 pontos, sendo seguida pela Finlândia com 87 pontos e pela Nova Zelândia com 85 pontos. No fim da lista estão a Somália (com somente 11 pontos), a Venezuela (13 pontos) e o Sudão do Sul (também pontuando 13).

Outro recorte também é feito pela pesquisa: as chamadas “democracias falhas”, no qual o Brasil também ficou abaixo da média dos países com democracias solidificadas, segundo a percepção. A organização de transparência atribui ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro “o grave retrocesso no combate à corrupção”, o que afetou, segundo a avaliação, diretamente a democracia brasileira.

“Os anos de Jair Bolsonaro na Presidência da República deixaram a lição de como, em poucos anos, podem ser desmontados os marcos legais e institucionais anticorrupção que o país levou décadas para construir. O pilar de controle jurídico continua em situação crítica, negligenciado principalmente no resgate da independência do sistema de Justiça”, aponta a Transparência Internacional.

Segundo a organização, ações do presidente Luiz Inacio Lula da Silva, como a nomeação do advogado pessoal Cristiano Zanin para a primeira vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), foram também na direção contrária da restauração da imagem de imparcialidade do principal tribunal brasileiro e “atraiu vastas críticas que repercutiram inclusive internacionalmente”, diz o documento.

A coordenadora do Programa de Integridade e Governança Pública da Transparência Internacional no Brasil, Maria Dominguez, explicou como é feita a pesquisa. Segundo ela, é a mais ampla e mais antiga pesquisa de percepção sobre a corrupção feita no mundo, já há 30 anos. Em 180 países, são feitos levantamentos com observadores sobre a percepção que têm sobre a corrupção e a correta ou incorreta utilização dos recursos públicos.

Criticas

Maria Dominguez rebateu as críticas feitas pela presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), ao ranking. “Uma trajetória de desinformação”, declarou a deputada, dizendo que agora a organização “passou dos limites em seu relatório anual”.

“Acusar de retrocesso a indicação dos ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino ao STF, além da escolha de Paulo Gonet para a Procuradoria Geral da República (PGR), revela apenas a má vontade e a oposição política da ONG a Lula e ao PT”, declarou a presidente da sigla em seu perfil no X, antigo Twitter.

A coordenadora da Transparência Brasil rebate: “Nossa pesquisa é totalmente independente e internacional, aplicada em 180 diferentes países”, explica. “Ela não é feita para criticar governos específicos”, continua. “Estamos acostumados a essas críticas. Elas também acontecem em outros países. Medir a corrupção é algo difícil”, comenta ela. “Mas é a maior série histórica que existe, que contribui para a melhora em diversos países do mundo”, explica.

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