Parlamentares se articulam para derrubar os vetos à LDO

Relator dá certeza, mas pretende negociar recuo do governo

Por Ana Paula Marques

Danilo Forte

Um dia após afirmar que acredita na derrubada parcial dos vetos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), feitos à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, o relator da lei, deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), disse que o Congresso Nacional deverá negociar com o Executivo um recuo na decisão. As informações são de uma entrevista à CNN Brasil.

Um dos trechos vetados que Forte vê como principal item de discussão é o cronograma para pagamento de emendas parlamentares — definido pelo Congresso Nacional, o trecho previa o pagamento integral até 30 de junho de 2024 das emendas parlamentares transferidas na modalidade fundo a fundo (da União para os entes federados) nas áreas de saúde e assistência social.

Por isso, o deputado disse que pretende se encontrar com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, antes de agendar uma sessão para derrubar os vetos de Lula.

“Vamos marcar uma reunião com o ministro para tratar disso e avaliar a possibilidade de que eles recuem dos vetos antes de o próprio Congresso derrubar. Com certeza o governo pode recuar dos vetos”, afirmou.

Na justificativa para o veto, o presidente menciona que “a determinação aumenta a rigidez na gestão orçamentária financeira e dificultaria a gestão das finanças públicas” e que “o Executivo é quem deveria ser responsável pelo cronograma de pagamentos da União”.

O deputado Forte respondeu em nota ao dizer que “o dispositivo apenas regulamenta os artigos 165 e 166 da Constituição Federal, que conferem ao Legislativo a prerrogativa de elaborar e aprovar o Orçamento, bem como assegurar que ele seja devidamente executado”.

Articulações

Os congressistas já se articulam para derrubar a decisão do governo na volta do recesso parlamentar de final de ano, em fevereiro. Assim como o relator descreveu em nota, o calendário para o pagamento das emendas, foi articulado “através de um amplo debate com parlamentares”. “Buscamos fortalecer a autonomia do Legislativo. Principalmente para dar maior lisura às votações, além de promover maior equidade e previsibilidade a parlamentares e aos prefeitos, que são os que mais sofrem com os critérios subjetivos de liberação dos recursos”, disse em nota.

Um dos argumentos de quem defende a derrubada do veto sobre o calendário, é de que ele poderia gerar mais previsibilidade para os investimentos nos municípios, já que neste ano acontecem as eleições municipais e com o pagamento das emendas, os parlamentares poderiam incrementar o orçamento das prefeituras aliadas. Caso o governo não se comprometa a liberar até o período estipulado no texto aprovado no Congresso, o pagamento só poderia ser realizado no final do ano.

Apesar da “queda de braço”, um trecho do orçamento de 2024, sancionado pelo presidente, foi o que estabelece um teto de R$ 4,9 bilhões para o fundo, R$ 4 bilhões acima do proposto inicialmente pelo Planalto ao enviar o projeto da LDO. É o dobro do valor destinado para as eleições municipais de 2020 — total de 2 bilhões — e equivale ao valor distribuído para as eleições gerais, que historicamente são mais caras por serem eleições para presidente, governador, senador e deputado federal.

Outro veto

Danilo Forte também criticou a decisão de Lula de vetar um trecho sobre o Minha Casa, Minha Vida. No texto da LDO aprovado no Congresso, o relator chegou a destinar pelo menos 30% dos recursos do programa para cidades com menos de 50.000 habitantes. “Causa estranheza a decisão pelo veto, uma vez que havia concordância entre as lideranças do governo sobre o tema”, declarou.

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