Por: Gabriela Gallo

Operação contra Bolsonaro pode prejudicar PL em eleições municipais

Presidente do PL disse confiar nas urnas eletrônicas | Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Seguem as investigações da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, que são acusados de tramarem um golpe de Estado durante as eleições de 2022 caso Lula ganhasse a disputa. Todos os presos pela PF tiveram as audiências de custódia realizadas na sexta-feira (9). No sábado (10), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi solto e terá que cumprir medidas cautelares.

Os investigados foram: o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto; o ex-assessor especial de Bolsonaro Filipe Martins; o coronel da reserva Marcelo Câmara e o tenente-coronel Rafael Martins. No sábado (10), o último alvo de mandado de prisão da polícia, coronel Bernardo Romão Corrêa Netto, retornou ao Brasil. Ele foi mandado aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022.

Também na sexta-feira (09), o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou uma petição no Supremo Tribunal Federal para derrubar a proibição de comunicação entre advogados que consta na decisão sobre a Operação da PF. Ao autorizar a operação da PF, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes proibiu que os investigados tenham qualquer tipo de comunicação entre si, inclusive por meio de seus advogados, para evitar interferências nas investigações.

“Advogados não podem ser proibidos de interagir nem confundidos com seus clientes”, declarou o presidente nacional da OAB, Beto Simonetti.

Eleições

Nos bastidores, a principal preocupação do PL são os efeitos que a operação da PF e as prisões possam prejudicar na atuação do PL nas eleições municipais. A sigla tem a meta de eleger mil prefeitos em todo o país, a partir da popularidade de Bolsonaro. Além disso, o candidato a vice de Bolsonaro, general Walter Braga Netto, seria o responsável por coordenar as campanhas municipais do PL. No entanto, como ele também é investigado pela PF, o general está proibido de se comunicar com outros envolvidos no caso durante a operação da polícia.

Na avaliação do cientista político André Cesar, “os setores de centro-direita mais moderados, com viés antipetista e antilulista, mas não totalmente alinhados ao bolsonarismo, deverão progressivamente se afastar do ex-presidente”. Dessa forma, uma alternativa para as siglas dessa linha seria buscar por um novo nome que represente o grupo.

Além disso, ele não desconsidera as chances de o Partido Liberal, a maior bancada do Congresso Nacional, “perder quantidade significativa de membros na próxima janela partidária”, entre 7 de março e 5 de abril. Janela partidária é o período em que ocupantes de cargos eletivos podem trocar de partido sem perder o mandato.

Questionado pela reportagem, o cientista político pontua que a investigação contra Bolsonaro não significa uma vitória para Lula, já que “o eleitor de centro-direita antipetista não vai mudar de posição”.

“Grande parcela dos votos que levaram à vitória do Bolsonaro foram consequeencia do antipetismo e do antilulismo. Eu acredito que o eleitor antipetista, mas que não está nada satisfeito com o que está aparecendo do Bolsonaro nos últimos dias,vai buscar um nome que aparecer de direita mais radicalizado ou alguém com um verniz mais centro-direita. Talvez o bolsonarismo apresente um nome, já que a política não comporta vácuo. Mas, por enquanto, ainda não há nenhum candidato no radar”, afirmou André Cesar ao Correio da Manhã.

Pesquisa

No primeiro dia da operação da PF, um levantamento da Quaest monitorou e levantou o quanto a operação foi comentada nas redes sociais. De acordo com o levantamento, somente na quinta-feira (08), foram 56 milhões de contas comentando sobre o assunto nas redes sociais. Destes, 58% das postagens sobre o tema eram críticas ao ex-presidente e 42% das publicações foram em defesa dele. Enquanto a maioria das publicações da esquerda comemoravam a operação e possibilidade da prisão de Bolsonaro, enquanto a direita focou na narrativa de perseguição política.

Mas a população está dividida quanto à responsabilidade do ex-presidente nos atos antidemocráticos de oito de janeiro, em Brasília. De acordo com a Quaest, sobre a percepção a respeito do caso, divulgada em janeiro, 47% dos entrevistados acreditavam que Bolsonaro teve influência sobre o ocorrido, enquanto 43% pensavam o contrário - o que representa um empate técnico, considerando a margem de erro.

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