Mesmo sem a confirmação da presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), no ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve acontecer na Avenida Paulista, em São Paulo, a expectativa é de um evento de grande magnitude, segundo nota divulgada pelo PL.
Tanto Tarcísio quanto Nunes são frequentemente cobrados a se posicionarem publicamente em defesa do ex-presidente, principalmente após as operações da Polícia Federal sobre a possível participação de Bolsonaro na articulação de um golpe de Estado enquanto chefe do Executivo. A recomendação do MDB — partido aliado ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — é que o prefeito de São Paulo não participe do evento. Embora do MDB, Ricardo Nunes negocia o apoio de Bolsonaro na sua tentativa de se reeleger prefeito.
A nota do Partido Liberal, lançada nesta quarta-feira (14), também explicava o motivo do cancelamento de uma viagem que Bolsonaro faria à Paraíba, onde cumpriria agenda nesta semana. Segundo a sigla, o ex-presidente está concentrado nas organizações do ato convocado para o dia 25 de fevereiro. O anúncio foi formalizado em nota assinada por Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde de Bolsonaro. O ex-presidente iria a João Pessoa para selar seu apoio a Queiroga, que pretende disputar a prefeitura da capital paraibana nas eleições deste ano.
“Devido à logística que envolve um evento dessa magnitude na capital paulista, o ex-presidente decidiu transferir a sua vinda à capital paraibana”, descreve a nota.
Teste
Em vídeo postado nas redes sociais, Bolsonaro disse que será um ato “em defesa do Estado democrático de direito” e pediu aos apoiadores que não levem faixas ou cartazes “contra quem quer que seja”, estratégia para evitar comparações com seus atos anteriores onde o ex-presidente costumava atacar instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF), assim como seus apoiadores com dizeres golpistas em faixa. Existe a preocupação de que a manifestação se torne um ato contra o Supremo e não um ato de solidariedade ao ex-presidente.
O ato é um teste de popularidade para Bolsonaro, segundo o analista político Leandro Gabiati. “Será um evento para demonstrar sinal de força, para mostrar que, apesar de inelegível, ele ainda é um protagonista político que tem a força de manter a polarização no Brasil”, explica.
Essa também é a aposta do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que surfa na popularidade de Bolsonaro para emplacar ainda mais nomes de direita na política, segundo o analista. Apesar da grande mobilização vista em outros atos, segundo Gabiati, é previsto um número menor de manifestantes.
Em 2021, o ex-presidente chegou a reunir 125 mil pessoas também na Avenida Paulista, segundo o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), para se manifestar no 7 de setembro, nas comemorações da Independência do Brasil, ato considerado pró-Bolsonaro.
“Quando ele cita no vídeo, que deseja uma fotografia com todos de verde e amarelo, ele quer demonstrar força tanto interna — para seus colegas políticos — quanto externa — para seu público conservador de direita. Não existem dúvidas do grande alcance da comunicação dos apoiadores do ex-presidente, então mesmo com o desgaste após as operações da PF, tirar uma foto com 40 mil ou 50 mil manifestantes na avenida mais famosa do Brasil mostra uma força de coordenação que pode motivar os que estão com o pé atrás”, explica Gabiati.
A aposta do especialista é de que o governador de SP compareça, já que a maior parte de seu eleitorado é conservador. Tarcísio tem sido pressionado por bolsonaristas após uma interação amistosa com o presidente Lula durante evento em Santos (SP). O governador tem mantido distância das parcelas mais radicais do bolsonarismo, entretanto, esse afastamento vai depender do conteúdo das falas do ex-presidente e dos demais participantes do ato, caso Tarcísio decida ir ao evento.
