Lula volta a pedir fim dos ataques a Gaza

No fim da viagem pelo Caribe, Nicolás Maduro garantiu a Lula que país terá eleições no segundo semestre

Por Gabriela Gallo

Lula encontrou-se com Maduro ao final da sua viagem

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está de volta ao Brasil depois de mais uma viagem internacional. Durante reunião na 8ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em São Vicente de Granadinas nesta sexta-feira (1), Lula manifestou interesse em uma maior integração entre os países latino-americanos e caribenhos, afim de priorizar interesses internos.

“Para atingir seus objetivos estratégicos de desenvolvimento, os estados da periferia do mundo capitalista precisam enxergar uns aos outros pelos próprios olhos e não pelo prisma dos países centrais”, afirmou o presidente.

Em seu discurso, o brasileiro destacou a importância no combate ao aquecimento global e à insegurança alimentar - ou seja, quando as pessoas não sabem se terão o que comer todos os dias. “De acordo com a Cepal [Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe da ONU], dos 660 milhões de latino-americanos e caribenhos, ainda há 180 milhões de pessoas que não possuem renda suficiente para as suas necessidades básicas e 70 milhões ainda passam fome. Esse é um paradoxo para uma região que abriga grande diversidade de provedores de alimento”, denunciou o brasileiro Lula.

Gaza

Mas o que chamou a atenção na participação do presidente brasileiro foi que ele voltou a fazer declarações sobre a guerra no Oriente Médio. Durante seu discurso, Lula pediu uma moção da Cela pelo "fim imediato do genocídio em Gaza"

"A tragédia humanitária em Gaza requer de todos nós a capacidade de dizer um basta para a punição coletiva que o governo de Israel impõe ao povo palestino. As pessoas estão morrendo na fila para obter comida. A indiferença da comunidade internacional é chocante", afirmou o presidente.

No encontro, estava presente o Secretário-Geral da ONU, António Guterres. O petista fez um apelo para que o secretário-geral invocasse o artigo 99 da carta da Organização das Nações Unidas (ONU) para levar à atenção do Conselho o tema que ameaça a paz e a segurança internacional.

“Peço aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU que deixem de lados suas diferenças e ponham fim a essa matança. A nossa dignidade e humanidade estão em jogo. Por isso é preciso parar a carnificina em nome da sobrevivência da humanidade, que precisa de muito humanismo”, reforçou.

O Conselho de Segurança da ONU tem como membros permanentes os Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, países que podem vetar decisões da maioria. Os demais países, que participam como membros rotativos, não têm direito a veto.

Venezuela

Após participar da Celac, Lula se encontrou com os presidente da Bolívia, Luis Arce; Antígua e Barbuda, Vere Bird, e da Venezuela, Nicolás Maduro. Seguindo o padrão de discurso na Cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), Lula evitou comentar sobre a disputa entre Venezuela e Guiana por Essequibo, tanto na Celac quanto nos encontros com os presidentes.

Durante os encontros, o chefe de Estado venezuelano afirmou para Lula que o país terá eleições no segundo semestre. Ao final de 2023, foi firmado em Barbados um acordo entre o governo e a oposição da Venezuela que garantiria a obrigação da realização de eleições livres, justas e transparentes no território.

Os presidentes também discutiram outras temáticas como o combate conjunto aos garimpeiros ilegais em áreas yanomamis no Brasil e na Venezuela.