Nunes aparece pela primeira vez à frente de Boulos em SP

Paraná Pesquisas aponta empate técnico, acentuando polarização

Por Ána Paula Marques

Segundo pesquisa, Nunes passou Boulos em São Paulo

Em novo levantamento sobre as eleições para a prefeitura de São Paulo, feito pelo instituto Paraná Pesquisas e divulgado nesta terça-feira (19), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) pela primeira vez aparece à frente do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) na capital paulista. Apesar do novo número, ambos continuam empatados tecnicamente dentro da margem de erro, que é de 2,7 pontos percentuais.

Segundo a pesquisa, Nunes aparece na liderança com 32% das intenções de voto, contra 30,1% de Boulos. A posição demonstra um novo cenário. Desde as primeiras pesquisas feitas em São Paulo, até o últimento levantamento do Paraná em fevereiro, Boulos vinha liderando a corrida eleitoral. Na última pesquisa, o deputado do Psol aparecia à frente de Nunes com 33%, ante os mesmos 32% do atual prefeito de São Paulo.

O número continua tecnicamente igual para os candidatos que se classificam abaixo dos favorito. Na nova rodada da pesquisa, a deputada Tabata Amaral (PSB) parece com 9,6%; Marina Helena (Novo) pontua com 5,9%, e o deputado Kim Kataguiri (União Brasil) marca 5,7% das intenções de voto.

O instituto Paraná Pesquisas ouviu 1.350 eleitores paulistanos entre os dias 13 e 18 de março. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o nº SP-05177/2024.

Polarização

Faltando sete meses para as eleições deste ano, o empate técnico entre os dois pré-candidatos acentua a pertinência da polarização politica nacional. Boulos é o candidato à esquerda. Conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e terá a ex-prefeita Marta Suplicy , que recentemente retornou ao PT (estava antes no MDB), como candidata a vice em sua chapa.

Nunes, por sua vez, terá o apoio de Jair Bolsonaro (PL). O atual prefeito de São Paulo compareceu à manifestação em apoio a Bolsonaro no dia 25 de fevereiro, que reuniu centenas de milhares de pessoas na Avenida Paulista e parece ter atraído para seu lado os apoiadores do ex-presidente.

Rejeição

Segundo o analista político Érico Oyama, não existe nenhum outro candidato que poderia competir com os dois favoritos a prefeitura paulista.

“Neste cenário polarizado, muitos eleitores votam para evitar que determinado candidato vença, e não necessariamente porque sua opção reflete melhor o que considera ideal para a administração da cidade. Em um cenário de polarização tão explícita, fica difícil a possibilidade de um candidato de terceira via competitivo porque muitos eleitores fazem escolhas prévias com base em padrinhos políticos”, explica o analista.

Para o especialista, o índice de rejeição também é um fator preocupante. A pesquisa mostra que Boulos segue sendo o pré-candidato com maior índice de rejeição entre os eleitores paulistas: 37% dos entrevistados disseram que não votariam no deputado do Psol de jeito nenhum, contra 29,7% de Nunes e 29,9% de Tabata.

“Boulos enfrenta uma alta e preocupante rejeição, uma vez que derrubar resistências é muito mais difícil do que conquistar votos de indecisos. Neste sentido, a campanha do deputado federal deve focar muito em quebrar a imagem de político de extrema-esquerda favorável às ocupações e também em destacar a presença de Marta Suplicy na chapa, uma vez que a ex-prefeita tem um perfil mais moderado”, especifica.

Segurança

A sensação de segurança pública do eleitor também influencia para o avanço de Nunes nas intenções de voto. Como explica Érico Oyama, a visão direta do eleitor é que as ações mais combativas na segurança pública são ligadas aos políticos mais de centro-direita.

“Apesar da segurança pública ser de responsabilidade do estado e não do município, o fato do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiar Ricardo Nunes pode dar maior tração à candidatura do atual prefeito na área da segurança. O prefeito deve explorar o fato de poder fazer parcerias com o governo estadual”, informa.

A nova pesquisa Datafolha de fevereiro sobre a corrida eleitoral à prefeitura de São Paulo mostra que para 23% dos paulistanos o maior problema da cidade hoje é segurança. Na sequência, aparecem saúde (16%), enchentes e canalização do esgoto (9%) e transporte coletivo (7%).