Polêmicas envolvendo ministros traz expectativa de reforma ministerial

Especula-se que Lula troque a chefia de pastas do Palácio do Planalto e sociais

Por Gabriela Gallo

Wellington e Nísia estão na mira das mudanças ministeriais

O retorno das discussões quanto à polêmica envolvendo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, traz à tona especulações de uma nova reforma ministerial. Apesar de ter prestigiado o chefe da Casa Civil, classificando-o como um “primeiro-ministro” do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem se manifestando insatisfeito com parte de sua equipe ministerial e estuda trocar alguns ministros.

O presidente Lula avalia que as gestões de alguns ministérios estão desorganizadas e com falhas de comunicação. Dessa forma, o petista estuda modificar três áreas: Palácio do Planalto (pasta que contempla a Casa Civil), social e economia.

Ao Correio da Manhã, o Advogado e especialista em Relações Governamentais Isaac Simas reforçou que “todo governo, desde a redemocratização, faz reformas ministeriais”, caso seja necessário.

“Essas reformas acontecem anualmente ou a cada dois anos, com o intuito de fazer acomodações políticas, visto que os interesse do parlamento e dos setores da base do governo se modificam com o passar do mandato. Então, é natural o governo Lula fazer isso e é provável que ele faça. Até porque há descontentamentos nesse últimos meses relacionados a ministérios”, explicou Simas.

Mudanças

No momento, há diversas mexidas no tabuleiro da Esplanada dos Ministérios em cogitação. De acordo com informações da colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o atual ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pode ir para o Ministério da Saúde, substituindo a ministra Nísia Trindade, que vem sendo alvo de críticas quanto à sua. Padilha foi ministro da Saúde no primeiro governo de Dilma Rousseff (2011-2024). Na avaliação de Isaac Simas, a substituição de Nísia Trindade pode ser positiva para o governo federal, já que a atual ministra é “extremamente técnica e distante da política, especialmente nas relações com o parlamento”.

Nos bastidores do Planalto, fala-se também na troca do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta. Boa parte das avaliações do governo quanto à queda de popularidade estão relacionadas à comunicação. A estratégia já sofreu grandes mudanças nos últimos dias, inclusive com a troca do slogan do governo, de “O Brasil Mudou” para “Fé no Brasil”. Na articulação dessas mudanças, estão o marqueteiro da campanha de Lula, Sidônio Palmeira, e o prefeito da Araraquara (SP), Edinho Silva. Edinho foi secretário de Comunicação de Dilma Rousseff, e poderá voltar á posição quando terminar seu mandato na prefeitura.

Outra mudança está vinculada ao Ministério de Desenvolvimento Social, atualmente chefiado por Wellington Dias. Quem pode assumir a pasta é Tereza Campello, que foi Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de 2011 a maio de 2016. Caso essa troca seja efetivada, Wellington Dias (PT) voltará para o Senado Federal.

Rui Costa

Quanto a Rui Costa, por enquanto, a expectativa é que ele permaneça como ministro da Casa Civil. Na avaliação do especialista em Relações Governamentais, a permanência do ministro no cargo será prejudicial para a imagem do governo e pode gerar uma maior queda na popularidade do governo do presidente Lula.

“Lula no passado já se viu envolto em questões relacionadas à corrupção e vem travando nos últimos anos toda uma tentativa de limpeza de sua imagem perante a população. E após as últimas pesquisas – nesses dois últimos meses terem mostrado um aumento do descontentamento do governo – manter alguém que está sendo denunciado por corrupção de maneira explícita e pagando a permanência dele no cargo, será vista com maus olhos. Principalmente por essa grande parcela da população, que já não tinha uma predileção pelo PT nos últimos anos, e principalmente aqueles que votaram no Lula como voto de protesto ou contrário a Bolsonaro”, destacou Isaac Simas à reportagem.

Apesar de toda essa especulação, em uma entrevista à Globonews nesta sexta-feira, o ministro da Secom Paulo Pimenta, negou ter “indícios” de que haverá eventuais trocas em ministérios. “Eu sinceramente não vejo nenhum indício disso. Acabamos de fazer uma reunião ministerial, uma reunião boa de planejamento”, afirmou o ministro, referindo-se á reunião que Lula chamou justamente para discutir sua queda de popularidade.

No entanto, Pimenta reforçou que cabe ao presidente Lula definir se irá implementar mudanças ou não.