Por: Gabriela Gallo

Arroz e feijão podem ser importados para conter aumento dos preços

Medida visa conter aumento no preço dos alimentos | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As fortes chuvas no Rio Grande do Sul (RS) causaram um impacto geral no estado, e a região do agronegócio não ficou de fora. Nesta terça-feira (07), durante conversa no programa “Bom dia, presidente”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relatou que o país pode precisar importar arroz e feijão para equilibrar a produção e conter o aumento dos preços.A informação veio de uma reunião que Lula teve com os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, sobre a questão do preço do arroz e do feijão.

“[Arroz e feijão] estavam caros. Eu disse que não era possível a gente continuar com o preço caro. [Eles] alegaram que a área plantada estava diminuindo e que havia um problema do atraso da colheita no Rio Grande do Sul”, afirmou o presidente.

Em entrevista ao Correio da Manhã, a economista e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Carla Beni confirmou que a estratégia de importação para tentar conter uma eventual elevação dos preços é uma estratégia comum a ser adotada.

“Partindo do pressuposto que vai se ter uma quantidade menor de arroz disponível no mercado e que outros estados não consigam fazer o abastecimento [do arroz], é natural que se importe arroz. Então a frase do presidente faz parte disso, pra que não se tenha uma elevação de preço internamente. Então, caso se tenha escassez de arroz ou de feijão, que são itens muito básicos e fundamentais para a alimentação do brasileiro, é necessário que se faça a importação desse itens, por períodos específicos até você normalizar a produção interna”, explicou a economista.

Arroz
Olhando apenas pelo mercado de arroz, parte da produção e da colheita do alimento já foi realizada. De acordo com a professora, “em relação a esta parte que já foi feita a colheita, se essa colheita conseguir ter escoamento, ou seja, primeiro se faz a colheita, depois se armazena o arroz e depois escoa as estradas”.

“Então se você já tiver estocado esse arroz a questão é saber se o estoque não foi danificado nas chuvas – que é o armazenamento ou a silagem – e depois se você tem estrada suficiente. Porque nós tivemos problemas com e pontes e estradas foram danificadas e cidades que estão sem acesso”, ela afirmou.

Carla Beni ainda ponderou que é importante considerar os locais do estado onde a colheita ainda foi feita. “Temos outra questão: o arroz tem uma tolerância um pouco maior a umidade do que num comparativo com a soja, por exemplo. Porque ele é até um produto, um grão que cresce em charco. Então se tiver uma redução rápida da umidade e o arroz puder ser colhido, se consegue ter ainda um percentual ‘que se salva’ dessa lavoura”, ela avalia.

Impactos
Questionada pela reportagem sobre demais impactos no estado, a economista destacou que o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul foi muito abrangente, portanto, abrange outras areas do agronegócio. “Não é só a questão de arroz ou feijão, nós estamos falando também de proteína animal, de produção de pecuária, de logística de turismo”, disse.

Vale lembrar que o aeroporto de Porto Alegre, capital do estado, está alagado, com uma estimativa de ficar 30 dias fechado. “Nunca tivemos no país uma grande capital sem o aeroporto, então nós precisamos ver como vai ser agora a normalização do estado, porque você ainda tem as chuvas que estão ocorrendo. Agora a preocupação central é salvar as pessoas, encontrar os desaparecidos e observar quais serão os movimentos orçamentários das verbas destinadas da União para o Estado e dos estados para os municípios, para poder salvar a maior quantidade de pessoas e, posteriormente, fazer o resgate e a recuperação das estruturas”, completou.