Por: Gabriela Gallo

Pesquisa eleitoral mostra que 55% não querem reeleição de Lula

Para maioria, Lula não mereceria um quarto mandato | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

A primeira edição da pesquisa Genial/Quaest sobre a eleição presidencial de 2026, divulgada nesta segunda-feira (13), revela que, apesar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentar vantagem numérica em comparação aos demais possíveis candidatos, 55% dos entrevistados afirmam que o petista não mereceria ser reeleito para um quarto mandato em 2026. O levantamento foi realizado entre os dias 2 e 6 de maio. Foram 2.045 entrevistas presenciais, distribuídas entre todos os estados do país com pessoas a partir dos 16 anos. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais.

Polarização

Os resultados do levantamento revelam que os principais nomes para concorrer à presidência da República seriam Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quase um deja-vu das eleições de 2022. Caso as eleições de 2026 acontecessem hoje, Lula teria 47% das intenções de voto e Jair Bolsonaro 39%. Esse, porém, é hoje um cenário impossível: por condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro está inelegível.

Para a reportagem, o Presidente da Comissão Especial de Estudos da Reforma Política do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) Delmiro Campos disse que os demais candidatos interessados em tentar vencer Lula precisam buscar estratégias para terem maior visibilidade e alcance, externando opiniões e propondo “ideias e soluções que ressoem com as preocupações da população, buscando apoio partidário para fazer campanhas de engajamentos e promover alianças estratégicas”.

E o possível candidato que queira ser lembrado no imaginário popular precisa começar as estratégias de campanha antes do ano eleitoral, já que o período de campanha eleitora é de apenas 45 dias.

Herdeiro

Em julho de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou Jair Bolsonaro como inelegível por oito anos. A Corte julgou que o ex-presidente praticou abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, durante uma reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros, em 18 de julho de 2022. Bolsonaro recorreu à decisão e o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliará o recurso.

Considerando que o ex-presidente não possa concorrer à Presidência em 2026, fica o questionamento sobre o herdeiro de Bolsonaro que irá representar a direita brasileira. Na avaliação de Delmiro Campos, que também é membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), atualmente o melhor cenário para candidatos da direita seria a apresentação de uma nova visão para o setor, “que mantenha os aspectos populares do bolsonarismo, mas com uma abordagem mais moderada ou diferenciada para atrair um espectro mais amplo de votantes”.

O levantamento da Genial/Quaest questionou os entrevistados sobre quem seria o melhor candidato para enfrentar Lula em 2026, caso Jair Bolsonaro não possa concorrer. E os dois candidatos da direita com maior intenção de votose. Os candidatos são a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com 28% de intenções de votos e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 24% das intenções de votos.

Em pergunta especifica sobre o eventual confronto de Lula com Tarcísio, os dados apresentados pela Quaest, porém, são diferentes. Numa eventual disputa com Tarcísio de Freitas, 46% dos entrevistados disseram que votariam em Lula, e 40% ficariam com Tarcísio.

Segundo o advogado, a inelegibilidade de Bolsonaro contribui diretamente para a expectativa de uma candidatura à presidência da Michelle, mas o crescimento dela não se deve a esse único ponto.

“Michele Bolsonaro consegue passar bem a imagem que deseja em torno das pautas que o bolsonarismo defende, além de ter boa oratória e saber bem se posicionar nas questões afetas à política, isso sem contar ela saber demonstrar sua fé evangélica. Tudo isso aliado a presença pública considerável, capitalizando eficientemente em sua imagem e conexões políticas”, avaliou Delmiro Campos.