Por: Rudolfo Lago

Ministro da Agricultura confirma que governo importará arroz

Fávaro: importação para evitar alta no preço do arroz | Foto: Rayra Paiva/GPSBrasília

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou, durante almoço na quinta-feira com o grupo de Líderes Empresariais (Lide) do Distrito Federal que o governo irá importar 300 mil toneladas de arroz como política para controlar o preço do alimento depois das enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul. Segundo o ministro, as chuvas não teriam chegado a prejudicar a produção agrícola. Mas levaram a uma forte produção de fake news e ataques especulativos que levaram à redução dos estoques e da oferta de arroz nos supermercados, levando a aumento de preços. É para evitar que, em função dessa situação, o produto desapareça das prateleiras dos supermercados que a importação, segundo Fávaro, será feita.

O ministro foi duro em seu discurso no Lide. Mas destacou que essa disseminação de informações falsas não foi feita pelos próprios agricultores. “É uma maldade que não tem cabimento. Infelizmente, eu fico com a impressão de que o inferno está virando um espaço pequeno diante de tanta maldade”, disse o ministro. Segundo ele, diante do drama das chuvas, pessoas espalharam que haveria colapso na oferta de arroz. Isso teria levado os consumidores a fazer grandes estoques do produto temendo uma alta. Essa alta acabou acontecendo justamente por esse aumento do consumo. A oferta nos mercados diminuiu, e o preço já teria subido de 30% a 40%.

Estoque

“Vamos comprar para fazer estoque”, disse o ministro. “Para garantir o produto nas prateleiras”. O Rio Grande do Sul é responsável por 70% da produção brasileira de arroz. Segundo Fávaro, as enchentes afetaram a produção, mas essa não seria a razão da decisão de importar, mas o ataque especulativo que houve, de acordo com o ministro.

Fávaro disse ainda que o governo trabalha para procurar desconcentrar no futuro essa produção somente do Sul do país, conseguindo espalhá-la por outras regiões. E não apenas no caso do arroz, mas também de outros produtos. “Hoje, a ciência permite a tropicalização dessa produção”, afirmou.

Nesse sentido, segundo ele, o governo trabalha, no Plano Safra, de financiamento da produção, criar estímulos a quem, fora das regiões tradicionais, queira investir na produção. O que se estuda é que, feita pelo agricultor essa opção, ele teria um acréscimo que se estima de 20% no valor do seu financiamento. Além do arroz, a ideia é fazer esse estímulo para os cinco principais alimentos da cesta básica brasileira: também para feijão, trigo, milho e mandioca.

Críticas

O anúncio da importação recebeu críticas de setores do agronegócio. O presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), classificou a medida de “abuso de poder político”. Para Lupion, as intenções do governo ao fazer a importação seriam mais políticas do que econômicas. E poderiam mesmo prejudicar os agricultores, no momento de dificuldade no Rio Grande do Sul.

Fávaro rebate esse argumento. Segundo ele, a decisão não significa uma intervenção governamental sobre a produção. “Não queremos afrontar ninguém, e estamos longe de qualquer intervenção, até porque o Brasil produzi 10,5 milhões de toneladas de arroz, e nós vamos importar 300 mil toneladas. Essa importação vai balizar, vai evitar que haja especulação”, disse Fávaro.

O arroz importado chegará às prateleiras dos mercados com o selo do governo e um valor fixo de R$ 20 o quilo. Ficará disponível para o consumidor em 30 a 40 dias.

O Correio da Manhã foi Media Partner do almoço de Carlos Fávaro com o Lide/DF.