Por: Ana Paula Marques

De novo no Sul, Lula assina medida para evitar demissões

Foi a quarta ida de Lula aos locais das enchentes no Sul | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em troca do comprometimento das empresas com a manutenção dos empregos, o governo federal irá pagar duas parcelas do salário mínimo de 434 mil trabalhadores gaúchos. A medida provisória (MP) que prevê o pagamento foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quinta-feira (6), em visita a regiões do Vale do Taquari atingidas pela enchente no Rio Grande do Sul.

Em entrevista coletiva concedida no Esporte Clube Rui Barbosa, na cidade de Arroio do Meio, Lula anunciou programa de manutenção de emprego e renda voltado a trabalhadores de empresas atingidas pela enchente. Estão incluídos no programa segmentos de trabalhadores celetistas, domésticos, estagiários e pescadores artesanais. O governo só pede em troca que as empresas não demitam esses funcionários por quatro meses.

Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, essas pessoas vivem numa "mancha de inundação".

“Vamos oferecer duas parcelas de um salário mínimo a todos os trabalhadores formais do estado do Rio Grande do Sul que foram atingidos na mancha. Não simplesmente nos municípios em calamidade, mas também nos municípios em situação de emergência, desde que esteja atingido pela mancha da inundação”, afirmou o ministro.

Além dessa medida, o presidente Lula assinou ainda outra MP que libera recursos federais a cidades gaúchas que ainda não tinham sido contempladas na verba liberada em maio. Ao todo, R$ 124 milhões serão enviados a essas cidades.

MP

Uma terceira medida também foi assinada no mesmo dia. Ela amplia o número de famílias que receberão o Auxílio Reconstrução de R$ 5,1 mil. Após o anúncio, Lula ressaltou que além de medidas de curto prazo, soluções para que tragédias deste tipo não se repitam também precisam ser pensadas.

“A lição que a gente tira disso é que a gente vai ter que fazer as coisas com mais responsabilidade e com mais cuidado. Nós não temos o direito de fazer a casa das pessoas onde a água vai chegar. E qualquer cidadão humano, de inteligência média, sabe que a várzea é o local de escoamento do excesso de água de um rio”, disse.

Lula ainda afirmou que o governo não quer desrespeitar “regulamentações, leis, Câmara e Senado”, mas cobrou celeridade na entrega das ações de recuperação do estado.

“É isso que temos que compreender. Não queremos infringir nenhuma lei, não queremos desrespeitar ninguém, mas o que queremos respeitar é a necessidade de cuidar desse povo que sofreu o que jamais imaginou que ia sofrer”, cobrou.

Aceno de Nísia

Cobrada por não ser uma ministra protagonista na política e críticada por não ter amplo dialogo com os parlamentares na liberação de emendas, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, acenou aos deputados federais durante a cerimônia. Ela agradeceu o apoio das emendas e afirmou que a pasta deu "celeridade" para a liberação dos valores.

“Temos que agradecer aos parlamentares aqui presentes do estado, que muito têm apoiado. Nós também conferimos agilidade a mais de R$ 500 milhões em emendas para o estado, agradecer aos deputados federais aqui presentes por esse apoio”, declarou.

4ª vez

Pela quarta vez no estado com sua comitiva, o presidente Lula desembarcou pela manhã da última quinta em Cruzeiro do Sul e visitou o bairro Passo de Estrela, um dos mais afetados pelas cheias. No início da tarde, Lula visitou Arroio do Meio e percorreu espaços destruídos pela chuva no bairro Navegantes.

Acompanham Lula os ministros José Múcio Monteiro, da Defesa; Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego; Jader Filho, das Cidades, e o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, que chefia o Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do RS, também está presente. Já a primeira-dama, Janja da Silva, cumpriu agenda em Guaíba.