Por: Ana Paula Marques

Para parar greve, Lula promete R$ 5,5 bi as universidades

Lula reclamou dos reitores a longa duração da greve | Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em encontro com reitores no Palacio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nessa segunda-feira (10), um investimento de R$ 5,5 bilhões no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para melhoria de universidades e institutos federais. Durante a reunião, o presidente ainda afirmou que "não há muita razão" para a greve na educação estar "durando o tempo que está durando".

Segundo o anúncio feito pelo ministro da Educação, Camilo Santana, o montante será dividido em três pontos de investimentos até 2026. Serão R$ 3,17 bilhões para melhorias nas universidades, entre obras novas e retomadas; R$ 600 milhões para expansão de 10 novos campi e R$ 1,75 bilhão para construção e reformas de hospitais universitários.

Ainda segundo Camilo Santana, o montante será voltado para o investimento em sala de aula, laboratórios, auditórios, bibliotecas, refeitórios, moradias, centros de convivência. Os recursos contemplam 223 novas obras, 20 em andamento e 95 retomadas. Além disso, o ministro disse que o orçamento das universidades, em 2024, será de R$ 6,38 bilhões; nos institutos federais, o orçamento ficará em R$ 2,72 bilhões.

Apesar dos anúncios dos investimentos, a principal questão da greve não foi mencionada; o aumento salarial e reestruturação do plano de carreira. Durante a reunião, cerca de 50 grevistas protestavam em frente ao Planalto. Eles pedem que o presidente assuma as negociações e que os reitores se lembrem que, assim como eles, são servidores das universidades e institutos federais.

Greve

O presidente reconheceu a legitimidade da greve, mas reclamou da duração e cobrou os reitores. “A greve tem um tempo para começar e um tempo para terminar. Se analisarem o conjunto da obra, vão perceber que não há razão para a greve durar como está durando. Eu sou um dirigente sindical que nasceu no 'tudo ou nada'. Para, mim era o seguinte: é 100% ou é nada, ou é 83% ou é nada. E muitas vezes eu fiquei com nada. Não é por 3%, 2% ou 4% que a gente fica a vida inteira em greve”, declarou.

A reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão Moura, lembrou o presidente do pedido dos grevistas e fez um apelo. “São trabalhadoras e trabalhadores essenciais para darmos conta de todos os desafios do país e que possuem remunerações muito defasadas, como o senhor bem sabe. Ainda mais quando comparamos com algumas carreiras que tiveram reajuste recentemente. Há técnicos administrativos que chegam a ganhar menos do que um salário mínimo”, disse

Os servidores estão em greve desde abril. Professores e funcionários técnico-administrativos das universidades e institutos federais tentam um acordo para o aumento salarial e reestruturação do plano de carreira. A reunião, ocorre no encalço das negociações do Ministério da Gestão com os servidores. Nas últimas semanas, por exemplo, a pasta fechou uma proposta de reajuste salarial e reestruturação das carreiras com um dos sindicatos de professores das universidades e institutos técnicos federais, o Proifes.

Os servidores pleiteiam aumento salarial de 22%, dividido em três anos, começando em 2024 e os servidores técnicos-administrativos em educação pedem 117%. O governo oferece 9% de reajuste para 2025 e 3,5% em 2026, mas sem aumento previsto para este ano.

Negociação

Uma nova rodada de negociações com técnicos administrativos está marcada para esta terça-feira (11), mas a expectativa da ministra Esther Dweck da Gestão é de que, novamente, a proposta não convença sindicatos mais radicalizados.

Para o estudante da UnB, Josué Pereira, de 23 anos, a greve o deixa impossibilitado como aluno. “A greve não é unanimidade entre os professores e, como consequência, há aqueles que estão dando aula normalmente e outros que aderiram à greve. Tenho colegas que ou já trancaram o curso ou estão pensando em trancar devido à incerteza que a greve está causando, pois mal acabamos de sair do período da pandemia em que foi uma loucura a reposição de aulas, e caímos em greve”, explica.

Apesar disso, para o estudante um reajuste salarial é necessário. “O salário deles é muito baixo em vista das atribuições e responsabilidades que eles tem perante a universidade e a comunidade acadêmica, as aulas não recebem o suporte que os técnicos oferecem, e a biblioteca, por exemplo, que é importantíssima para a gente está fechada durante todo o semestre”, disse.