Por: Ana Paula Marques

Na OIT, Lula volta a defender taxação de super-ricos

Lula discursou na OIT em Genebra antes de ir para a Itália | Foto: Ricardo Stuckert / PR

Durante discurso na conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, na Suíça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a reforma do sistema financeiro global como uma ferramenta de diminuição da desigualdade no mundo durante o lançamento da Coalizão Global por Justiça Social da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O petista criticou o acúmulo de riqueza no mundo e voltou a defender o tema que foi central durante a presidência brasileira do G20: a reforma do sistema financeiro global como uma ferramenta de diminuição da desigualdade no mundo. Além disso, Lula também voltou a fazer críticas ao mercado financeiro, e defendeu que o Estado tem responsabilidade pelo desenvolvimento do país.

“O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20. Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de três mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos Produtos Internos Brutos (PIBs) do Japão, da Alemanha, da Índia e do Reino Unido”, declarou Lula.

Farpas

O presidente também usou seu discurso para alfinetar o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) e da SpaceX, fabricante de sistemas aeroespaciais, transporte espacial e comunicações. “A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais. Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado”, enfatizou.

Além de preparar uma primeira exploração em solo marciano, Musk tem demostrado interesse na política brasileira nos últimos tempos. Ele chegou a rivalizar com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por decisões contra a plataforma X. Como o ministro é visto como um inimigo para o bolsonarismo, a oposição de Lula viu o ato do bilionário como um apoio ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.

Guerra

Ainda na última quinta-feira (13), o presidente voltou a defender um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia e sugeriu que se os presidentes Volodymyr Zelensky (Ucrânia) e Vladimir Putin (Rússia) não conversam, é sinal de que “estão gostando da guerra”, caso contrário, já tinham encontrado uma solução pacífica. Lula também declarou que não defende Putin no conflito iniciado há mais de dois anos, após as tropas russas invadirem a Ucrânia.

Igualdade de gênero

Outro tópico abordado pelo presidente foram os desafios dos trabalhadores no mundo, como a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Lula chamou atenção para o número de mulheres que seguem fora do mercado por conta da distribuição desigual das tarefas domésticas.

“Trabalho igual para salário igual ainda é uma utopia. Mais de meio bilhão de mulheres em idade ativa estão fora da força de trabalho devido à divisão desigual das responsabilidades familiares e dos cuidados”, comentou.

Agenda europeia

Na última sexta-feira (14), o presidente Lula pousou na Itália para cumprir agenda no G7—colegiado formado pelas nações mais desenvolvidas do mundo, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. O Brasil participa como convidado. A reunião acontece entre os dias 14 e 15. A cúpula dos líderes discute, entre outros temas, os conflitos entre Rússia e Ucrânia e na Faixa de Gaza entre Israel e o grupo Hamas.

Lula é convidado da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Essa é a oitava vez que o petista participa da cúpula como convidado. O evento acontece em Borgo Egnazia, na região da Puglia, e acontece em um momento em que a extrema-direita acaba de aumentar a sua presença no parlamento da União Europeia.

Como medida para tentar aplacar a ampliação do grupo, o presidente da França, Emmanuel Macron, chegou a dissolver o parlamento do país e convocar novas eleições. O presidente Lula deve ter uma reunião bilateral com Macron.