Por: Gabriela Gallo

Foragido, presidente do Solidariedade é alvo da Interpol

Até helicóptero pode ter sido comprado por Eurípedes | Foto: Agência Brasil

Alvo da Polícia Federal (PF) por desvio de recursos partidários para fins pessoais, o presidente nacional do partido Solidariedade, Eurípedes Júnior, segue foragido. Nesta quinta-feira (13), ele foi incluído na categoria de difusão vermelha da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal). A divisão vermelha é um instrumento adotado pela organização para dar publicidade às ordens de captura expedidas em desfavor de nacionais ou estrangeiros. Eurípedes Júnior é o principal alvo da operação Fundo do Poço, que investiga um desvio de mais de R$ 36 milhões dos fundos partidário e eleitoral do PROS, antes do partido se fundir ao Solidariedade, para fins pessoais.

Com a operação da PF, o Ministério Público Eleitoral prepara uma denúncia contra Eurípede Júnior, que já está na fase final, pelos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e crimes eleitorais. A expectativa é que o documento seja apresentado na semana que vem. O caso está na 1ª Promotoria, no Distrito Federal, com o promotor eleitoral Paulo Binicheski.

Segundo as investigações, ele montou uma organização criminosa "estruturalmente ordenada", para desviar e se apropriar de recursos do Fundo Partidário e Eleitoral do partido, através de candidaturas laranjas, superfaturamento de serviços de consultoria jurídica e desvios que seriam destinadas à Fundação de Ordem Social, instituição do partido. Também foram registrados atos de lavagem de dinheiro, identificados por meio da constituição de empresas de fachada, além da compra de imóveis e um superfaturamento de serviços prestados aos candidatos laranjas.

De acordo com o relatório da PF, Eurípedes Júnior usou os recursos desviados para financiar ao menos 36 viagens internacionais com a família. Além disso, ele ainda é investigado pelo eventual envolvimento no sumiço de um helicóptero avaliado em R$ 3,5 milhões do partido extinto do qual ele era presidente, o PROS. As informações são do jornal Estado de São Paulo.

Eurípedes Júnior é um fenômeno político. Virou presidente de partido tendo exercido na vida apenas um cargo eleitoral. Foi vereador na cidade de Planaltina de Goiás, no entorno do Distrito Federal em 2008. Dali, fundou o Partido Republicano da Ordem Social (PROS). Como o partido seria extinto por não cumprir a cláusula de barreira (desempenho mínimo exigido na lei eleitoral para que um partido sobreviva), o PROS foi incorporado ao Solidariedade em fevereiro de 2023. E Eurípedes virou presidente da sigla, mesmo ela tendo nomes mais experientes na política, como o deputado Paulinho da Força (SP) ou a ex-deputada Marília Arraes (PE), que já foi filiada ao PT e deixou o partido por divergências depois de ser preterida como candidata ao governo de Pernambuco.

Membros investigados

No Congresso Nacional, o partido não tem nenhum representante no Senado Federal e apenas cinco deputados federais na Câmara: os deputados Aureo Ribeiro (RJ), Maria Arraes (PE), Zé Silva (MG), Weliton Prado (MG) e Paulinho da Força (SP), que está afastado temporariamente. De acordo com o site do próprio partido, no Brasil há 29 deputados estaduais vinculados à sigla, 2.073 vereadores e 98 prefeitos. vinculados ao partido.

Além do presidente Eurípedes Júnior, a PF prendeu preventivamente a primeira tesoureira do partido Cintia Lourenço da Silva, o primerio secretário nacional Alessandro Souza da Silva e o ex-deputado distrital Berinaldo da Ponte.

Além disso, o Solidariedade tem outros membros da executiva nacional do partido investigados em outros processos. O 1º vice-presidente do Solidariedade, o deputado afastado Paulinho da Força, é investigado pelos crimes de falsidade ideológica com fins eleitorais, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O processo contra o parlamentar foi movido a partir de denúncia baseada em colaborações premiadas da operação Lava Jato, que alegam que ele teria recebido R$ 1,7 milhão a título de propina, no âmbito do esquema de compra de apoio político para suas campanhas eleitorais de 2010 e 2012. Apesar do processo seguir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele assumiu a vaga de deputado federal com a saída do ex-deputado Marcelo de Lima Fernandes (PSB-SP), expulso por infidelidade partidária.

Além deles, o presidente estadual do Solidariedade no Rio de Janeiro, deputado federal Aureo Ribeiro, é investigado pela Procuradoria Regional Eleitoral do estado, que pede a inelegibilidade por oito anos do deputado, por suposto uso da estrutura do Estado para obter as vitórias eleitorais em 2022.

O presidente estadual do partido em Minas Gerais é o deputado federal Zé Silva, que também é presidente da Comissão de Legislação Participativa da Câmara. O presidente estadual no Distrito Federal é Javan Lopes da Silva Júnior, que não atua como político. Em São Paulo, o presidente é o ex-deputado estadual Alexandre Pereira.