Por: Ana Paula Marques

Mauro Cid diz desconhecer nova joia

Mauro Cid diz desconhecer nova joia descoberta | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Em mais um depoimento prestado à Polícia Federal, este nessa terça-feira (18), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou não ter conhecimento sobre a comercialização de uma nova joia que foi identificada pela PF como um dos itens negociados nos Estados Unidos pela equipe do ex-presidente Jair Bolsonaro. O seu pai, o general Mauro Lourena Cid, que também foi ouvido pela PF, negou saber sobre a negociação do objeto.

Trata-se de um bracelete, que motivou a principal pergunta da PF ao Cid, no depoimento que durou cerca de duas horas na sede da PF, em Brasília. Segundo as investigações da PF, Cid e o pai atuaram na comercialização de joias e objetos de arte dados de presente a Bolsonaro quando presidente em lojas dos Estados Unidos. Parte do dinheiro dessas negociações foi encaminhada à conta do general, que comandava o escritório da Agência de Promoção de Exportações (Apex Brasil) em Miami. O caso é relatado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Ainda segundo a polícia, o general Mauro Lourena Cid teria levado um bracelete para tentar vender junto com outras peças que Bolsonaro recebeu de presente. Ele negou conhecer a joia. O militar da reserva, ao contrário de seu filho, participou da oitiva por meio de videoconferência do Rio de Janeiro.

De acordo com as investigações, o entorno do ex-presidente atuou para desviar do acervo presidencial quatro conjuntos de presentes dados a ele durante viagens oficiais à Arábia Saudita e ao Bahrein. As missões ocorreram entre 2019 e 2021. Há algumas semanas, uma joia da qual ainda não se tinha conhecimento foi descoberta por meio de uma parceria da PF com o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos da America (FBI).

Inquérito

Durante seu mandato na Presidência, Bolsonaro tinha Mauro Cid como um dos principais homens de confiança. Cid já participou de uma série de depoimentos antes, isso após fechar acordo de delação premiada com as autoridades. Pelas regras brasileiras, os presentes recebidos pelo presidente em viagens oficiais não são pessoais, fazem parte do acervo do Estado. Mas polícia tem indícios de que as joias, avaliadas em milhões de dólares, chegaram a ser negociados nos EUA para vendas.

Agora, a declaração de Mauro Cid à PF casa com relatos que o militar já vinha fazendo a aliados nos bastidores desde que a notícia sobre a suposta nova joia veio à tona.

O inquérito do suposto desvio do acervo presidencial está na fase final e deve ser concluído até o fim deste mês, segundo confirmou o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Na semana passada, Rodrigues já tinha dado a informação de que uma nova joia tinha sido encontrada e que ela poderia robustecer as investigações.

“Com ajuda da equipe do FBI, tivemos notícia dessa nova joia negociada e que não estava no foco da investigação. Houve um encontro de um novo bem vendido no exterior e isso talvez tenha sido um dos fatores para atrasar a conclusão do inquérito. Esse encontro robustece a investigação que se iniciou desde a apreensão no aeroporto”, afirmou Rodrigues.

Presentes

Entre as joias recebidas por Bolsonaro, estava um kit composto por um relógio da marca Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico. Existia também, segundo as investigações, um outro kit, esse com joias femininas. O inquérito foi aberto após aliados de Bolsonaro tentarem entrar com as joias no Brasil, porém, sem declarar e, por isso, foram parados pela Receita Federal. Lá, disseram que o kit era para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Além de também não terem sido declarados como patrimônio do Estado, o que também contrariou a lei.