Câmara discute regras para regulamentação de tributária

Grupo debateu regras gerais de IBS e CBS; governo precisa entregar texto completo

Por Gabriela Gallo

GTs devem fazer seis reuniões esta semana

Seguem os trabalhos dos Grupos de Trabalho (GTs) que tratam da regulamentação da reforma tributária. Nesta segunda-feira (3), o grupo que trata do Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 68/2024, que institui o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS), realizou uma audiência pública com representantes de setores econômicos para discutir o tema. No encontro, conduzido pelo deputado Hildo Rocha (MDB-MA), os representantes discutiram regras gerais acerca do IBS e da CBS sobre exportações e importações, tegimes aduaneiros especiais, Zonas de Processamento de Exportações e regimes de bens de capital. A próxima audiência sobre o tema está marcado para esta terça-feira (04), às 9h.

Durante a audiência, a advogada tributarista Lina Santin destacou a importância da regulamentação da reforma para retirar o sistema tributário da posição de um entrave ao desenvolvimento econômico.

“A boa tributação sobre consumo tem que ser neutra, ela só serve para arrecadar da forma mais simples e menos onerosa possível para ambos os lados. Estamos atendendo a uma recomendação da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], do FMI [Fundo Monetário Internacional], do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], de diversos organismos internacionais, estamos trazendo maior segurança jurídica e melhoria para o ambiente de negócios”, destacou a advogada.

A audiência buscou ouvir representantes de diversos setores que passaram com mudanças com a regulamentação da medida. Outro tópico discutido, mas que não chegou a um acordo, foram as regras referentes ao Imposto Seletivo, batizado como Imposto do Pecado por incidir sobre bens prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente no intuito de desincentivar o consumo. Alguns representantes defenderam regras mais específicas acerca da alíquota sobre produtos, por exemplo, implementar uma alíquota diferenciada sobre bebidas alcoólicas com diferentes teor alcoólico.

IVA

Dentre as discussões, o conselheiro de finanças da Embaixada da Espanha no Brasil, Francisco Javier Sánchez Gallardo, explicou que o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) trata de uma generalidade no fato gerador e na dedução financeira. “Ou seja, o IVA abrange muita coisa, tanto mercadoria quanto serviços”, disse.

O IVA é um modelo de unificação de impostos para garantir maior transparência e facilidade de tributação. O modelo é adotado em países da União Europeia, como a Espanha.

O princípio de dedução financeira declara que qualquer IVA nas aquisições de bens e serviços é dedutível, não havendo distinção entre eles, tal como não há distinção entre despesas correntes e investimentos. Dessa forma, essa dedução financeira promovida pelo IVA promove uma neutralidade e simplificação para empresas e o fisco, órgão federal responsável por fiscalizar toda e qualquer pessoa física e jurídica, no que se refere a impostos. No entanto, essa medida pode facilitar a fraude fiscal.

Governo

As discussões que seguem na Câmara se referem ao primeiro projeto entregue ao governo federal sobre o assunto. Segundo o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o Executivo entregará o segundo Projeto de Lei Complementar que regulamenta a reforma tributária do consumo “nos próximos dias”. A declaração aconteceu nesta segunda-feira após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nesta terça-feira (4), a equipe da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, juntamente com representantes de estados e municípios, realizarão uma entrevista coletiva técnica, às 12h30, para detalhar o segundo projeto. Serão discutidos aspectos específicos como a instituição do Comitê Gestor do Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), a distribuição federativa da receita e o contencioso administrativo do tributo.

A medida é uma das pautas prioritárias do governo no Congresso. De acordo com Alexandre Padilha, a expectativa é que o projeto seja aprovado na Câmara dos Deputados antes das eleições municipais, em outubro, e que a medida seja aprovada no Senado Federal durante a gestão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado e Arthur Lira (PP-AL), na Câmara. Ambos os presidentes das Casas permanecem nos cargos até fevereiro de 2025.