Juventude do PT se volta contra direção por fundo eleitoral

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Alas do PT brigam por divisão do fundo eleitoral

A divisão do fundo eleitoral para a disputa de 2024 gerou bate-boca dentro do PT. De acordo com informação divulgada na semana passada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PT terá R$ 620 milhões para as eleições municipais deste ano. A proposta apresentada nos bastidores de reduzir a verba destinada a determinadas alas do partido que representam movimentos específicos causou revolta na legenda.

A juventude petista mandou uma carta aos dirigentes em que acusa a direção nacional de "sufocar e impedir a transição geracional" na sigla.

A tesoureira do PT, Gleide Andrade, rebateu os jovens no grupo de WhatsApp da Executiva Nacional. Afirmou que a nota é "desrespeitosa" e acusou os autores de fazerem "política de queimação baixa, nojenta, imunda".

A controvérsia diz respeito à proposta de reduzir de 3% para 1% o recurso do Fundo Eleitoral encaminhado às secretarias nacionais da legenda, que representam os movimentos LGBTQIA , sindical, cultural, da juventude e da reforma agrária.

"O recado passado com as repetidas ações da direção nacional é o expresso objetivo de sufocar e impedir a transição geracional interna, de impedir que emerjam parlamentares pretos/as, LGBTs, ambientalistas, do campo e das periferias indígenas e quilombolas", diz texto assinado pela direção da juventude do PT.

"Incrível valor"

A nota afirma que o grupo recebeu com "imensa consternação" a proposta de redução do fundo destinado às secretarias para as eleições de 2024, "com o incrível valor de 1% -- ou seja, nada, e a consequente extinção do financiamento dessas candidaturas".

A tesoureira ficou irritada com a carta e questionou quem fez a proposta em questão. "Não aceito esse tipo de intriga, sobretudo de quem sequer está participando das discussões. Até agora nenhuma proposta de percentuais foi apresentada a ninguém. Isso é política de queimação baixa, nojenta, imunda", reagiu.

Nos bastidores, porém, integrantes da direção afirmam que a negociação para reduzir o repasse está adiantada e que a carta da juventude foi escrita para tentar impedir a mudança.

"Isso não é apenas uma questão de estratégia política, mas também uma questão de integridade moral e ideológica", diz a carta.

A secretária nacional de juventude do partido, Nádia Garcia, respondeu a tesoureira. "A carta expressa um acúmulo de reflexão e oitivas da juventude do PT acerca do tema em todos os territórios. Se real ou especulação, chegou às secretarias por meio de uma reunião chamada para apresentar e tratar essa 'proposta'", escreveu no grupo da Executiva Nacional.

Por Matheus Teixeira (Folhapress)