Governo anuncia R$ 100 milhões para conter chamas no Pantanal

Recursos serão para Ibama e ICMBio para conter as chamas, que registraram recorde no bioma

Por Gabriela Gallo

O foto já consumiu mais de 600 mil hectares do Pantanal

Depois das enchentes no Rio Grande do Sul, novo evento climático desafia as ações do governo. Devido ao aumento nos focos de incêndios que assolam o bioma do Pantanal, em Mato Grosso do Sul (MS), o governo federal irá liberar R$ 100 milhões para ações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para tentar conter as chamas. O anúncio foi feito nesta terça-feira (25). Segundo a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, a medida visa salvar "a maior planície alagável do mundo”.

Nesta segunda-feira (24), o governo federal deu início à segunda reunião na Sala de Situação para ações de controle e prevenção do desmatamento e enfrentamento de incêndios e queimadas no Pantanal e na Amazônia. Atualmente, estão atuando no território 175 brigadistas do Ibama, 40 do ICMBio e 53 combatentes da Marinha, que agem em conjunto com as polícias e bombeiros locais. Nesta terça-feira, foi anunciado o reforço de mais 50 brigadistas do Ibama e 60 agentes da Força Nacional. O Ministério da Defesa também disponibilizará seis helicópteros, duas aeronaves e também embarcações necessárias ao transporte dos militares e brigadistas pelos rios. Uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) consegue transportar 10 mil litros de água por viagem.

Na sexta-feira (28), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, Simone Tebet e o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, devem ir a Corumbá (MS), cidade com maior concentração dos incêndios. Corumbá é conhecida como a "capital do Pantanal" e abriga 60% do bioma, sendo a principal zona urbana da região.

Fogo

De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), somente neste ano as chamas já consumiram cerca de 627 mil hectares do Pantanal em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul. Destes, o fogo consumiu 148 mil hectares no estado vizinho de Mato Grosso e 480 mil no Mato Grosso do Sul. Os dados representam um aumento de 142,9% em comparação aos hectares queimados em 2020, ano recorde de queimadas registradas no bioma (258 mil). De janeiro a junho deste ano, foram registrados mais de 2.500 focos de incêndio.

O estrago causado pelo fogo no bioma foi tamanho que o governo do Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência. O decreto, publicado no Diário Oficial do estado na segunda-feira (24), abrange as áreas afetadas pelo fogo, sem especificar os municípios diretamente atingidos. Na prática, a medida autoriza a realização de licitações sem edital para ações emergenciais, agilizando a resposta às crises.

A ministra Marina Silva disse que o Pantanal vive uma das “piores situações já vistas” e declarou que grande parte dos atuais incêndios são provocados pela ação humana, a maioria vindo de origem de criminosos.

“O Ministério do Meio Ambiente, com todos os setores do governo, tem se planejado para a ação, mas é bom que a gente saiba que há uma junção de 3 fenômenos: questão da mudança do clima, o El Niño e a La Niña sem um interstício que antes a gente tinha, e os processos criminosos de atear fogo. Alguns deles nós já sabemos existirem e estão sendo comprovados. E [também] uma prática de fazer incêndio a partir da renovação de pastagem. […] Nos municípios em que mais desmata é onde mais tem incêndio”, afirmou a ministra à imprensa após a reunião da sala de situação.

Ela ainda completou que conter as chamas é algo que exige de toda a sociedade, inclusive porque 85% dos incêndios no Pantanal neste ano foram registrados em propriedades privadas. “Infelizmente, fenômeno é incomparavelmente maior do que a capacidade humana de combater esses processos. Não é só o governo que tem que se preparar para esses fenômenos, é toda a sociedade. Neste momento, é fundamental parar de usar o fogo para qualquer coisa", acrescentou.