Lula não descarta anistia por 8/01 no futuro
Presidente disse, porém, que antes eles precisam ser julgados e condenados
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu na quinta-feira (27) a possibilidade de uma anistia no futuro a envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, mas afirmou que não se pode “precipitar a discussão”.
“Precisamos terminar de apurar todas as denúncias do 8 de janeiro”, afirmou, em entrevista à rádio Itatiaia. “Quando tiver todo mundo processado, ou livre do processo, aí, tudo bem, podemos perdoar pessoas que estão presas há muito tempo. Anistia é para isso”.
A proposta de anistiar envolvidos nos atos golpistas tem sido defendida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados dele no Congresso.
Ditadura
Lula afirmou ter defendido a anistia durante a ditadura militar no Brasil.
“Passei parte da minha vida brigando pela anistia e não vou ser contra. Mas, nesse caso, eles nem foram condenados ainda. A gente ainda nem sabe sobre todos que praticaram o golpe. É preciso que a sociedade saibam quem tentou dar o golpe neste país”, disse.
O presidente também afirmou querer o retorno dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro que fugiram para a Argentina.
Argentina
“Temos mais de 65 pessoas na Argentina, das quais 30 ou mais estão condenadas. Estamos vendo para essas pessoas voltarem para o Brasil, para dar a lição que elas merecem. Quem sabe o tempinho que ficarem presos aprendam que democracia é bom”.
Após pedidos do governo, a Argentina compartilhou com o Brasil no último dia 19 a lista dos foragidos do 8 de janeiro dos quais constam registro de entrada no país. São cerca de 60 pessoas.
O governo argentino também alertou que parte desse grupo – cerca de dez – já havia deixado o país. Não se sabe para qual região foram, uma vez que o registro migratório compartilhado como Brasil contém apenas a informação de que houve saída do território argentino.
As informações chegaram após o Brasil enviar ao governo do presidente Javier Milei uma lista com os nomes e documentos de 143 condenados pela invasão às sedes dos três poderes que estavam foragidos. O objetivo era confirmar se possivelmente as pessoas estavam na Argentina.
É possível que os números reais sejam maiores do que os listados pelo lado argentino, caso alguns dos foragidos tenham entrado ou saído do país por pontos da fronteira onde há pouco monitoramento.
(Yuri Eiras e Artur Búrigo/Folhapress)