Por: Ana Paula Marques

Milei deve vir ao Brasil, mas não encontrará Lula

Milei deverá se encontrar com Bolsonaro | Foto: Reprodução/@javiermilei

O presidente da Argentina, Javier Milei, desistiu de participar da Cúpula do Mercosul na próxima segunda-feira (8), em Assunção, no Paraguai. No entanto, confirmou sua presença na reunião da Conferência Política de Ação Conservadora (Cpac), que será realizada no próximo fim de semana em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Milei embarca para o Brasil no sábado (6) e retorna para a Argentina no domingo (7).

Em meio à crescente tensão entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, a decisão de não ir à cúpula e participar da conferência que tem a presença confirmada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) causa a preocupação de um aprofundamento da crise bilateral que cerca os dois governos.

Farpas

Tensão que começou ainda em 2023, durante a campanha eleitoral na Argentina. Na época, Milei era o então candidato da ultradireita argentina e se referiu a Lula como “comunista e corrupto”. Ao mesmo tempo, o presidente brasileiro apoiou Sergio Massa, principal concorrente de Milei. Após a vitória do autodeclarado anarcocapitalista—ideologia politica que defende o livre mercado, a propriedade privada e a extinção do Estado—foram feitos esforços diplomáticos dos dois lados para tentar diminuir as arestas, gerando uma aparente calma entre os dois principais países da América do Sul.

A calma começou a desaparecer na semana passada, quando o presidente brasileiro disse, em referência às declarações de Milei de 2023, oque ele deveria “pedir desculpas ao povo do Brasil e a mim”. A reposta de Milei foi chamar Lula de “esquerdista com o ego inflado”.

“Qual é o problema? Que eu disse que ele era corrupto? Ele não foi preso por corrupção? E o que eu disse, comunista? Ele não é comunista? Desde quando você tem de se desculpar por dizer a verdade?”, ironizou Milei.

Conferência

A Casa Rosada—sede do governo da Argentina—confirmou que Milei participará da conferência. Na reunião da Cpac também estarão presentes os dirigentes de extrema-direita chilena José Antonio Kast e o mexicano Eduardo Verástegui.

Segundo a publicação postada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em seu perfil no X (antigo Twitter), Milei, além de participar do evento, também terá um encontro “bilateral” com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Porém, apesar de confirmar presença na conferência, a Casa Rosada não confirmou reunião com o ex-presidente do Brasil.

"Falei agora com o presidente da Argentina, Javier Milei, que confirmou a vinda ao CPAC Brasil. Trata-se do maior encontro de conservadores de toda a história da América Latina. Além de palestrar, ele também terá reunião bilateral com o Jair Bolsonaro”, escreveu na rede.

Mercosul

A justificativa para não participar da Cúpula do Mercosul foi "agenda sobrecarregada". De acordo com o porta-voz da Presidência argentina, Manuel Adorni, Milei será representado pela ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino. O porta-voz de Milei negou que a desistência do argentino esteja ligada às recentes farpas trocadas entre ele e Lula. Entretanto, até a semana passada, a presença de Milei na cúpula de Assunção era dada como certa, e só foi desmarcada após fala do presidente brasileiro.

Tanto o ex-presidente Bolsonaro quanto o deputado Eduardo, filho do ex-presidente, participaram em 10 de dezembro passado da posse de Milei, na qual o governo brasileiro foi representado pelo chanceler Mauro Vieira.

Criado em 1991, o Mercosul busca garantir a integração entre países da região, implementando parcerias em nível comercial, político e diplomático, além de aumentar os investimentos. Integram o Mercosul a Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Venezuela está em processo de adesão ao bloco.