Por: Ana Paula Marques

Novo ataque: Milei chama Lula de 'perfeito dinossauro idiota'

Performático, Milei parte para cima de Lula | Foto: Reprodução @javiermilei

O presidente Javier Milei voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (2). Em um texto, publicado no X (antigo Twitter), Milei chamou Lula de “o perfeito dinossauro idiota”, e elevou as tensões que rondam os dois países. Ele ainda criticou Lula, chamando-o outra vez de “corrupto” e “comunista”

Além da crítica, Milei declarou em sua publicação que o presidente brasileiro interferiu nas eleições de 2023 da Argentina com “sólido apoio à campanha mais suja da história”, se referindo a candidatura do seu principal opositor, Sergio Massa, apoiado pelo governo brasileiro no segundo turno.

Em uma nova escalada da tensão entre os dois presidentes, Milei também voltou a classificar a denúncia de golpe de Estado na Bolívia em 26 de junho como "fraude", dizendo que Lula não aceita seu erro ao ter condenado a ação militar e deixa sua "estupidez à vista". O líder argentino também voltou a desqualificar Lula por sua prisão. “Ele reclama porque eu lhe respondo com sinceridade, ele foi preso por corrupção e é comunista", diz um trecho do texto.

Ataques

Os ataques entre Milei e Lula têm sido frequentes desde a campanha presidencial do argentino no ano passado, quando o então candidato disse que o presidente brasileiro era "corrupto" e um "comunista raivoso". Após a vitória de Milei, a diplomacia dos dois países tentou amenizar a tensão. Mas os dois ainda não chegaram a ter uma reunião bilateral desde a posse do argentino.

Na última semana, o presidente Lula mencionou que uma eventual conversa entre ambos só aconteceria após um pedido de desculpas por parte do argentino, o que levou aos novos ataques de Milei.

Para o especialista em política internacional João Felipe Marques, o presidente argentino tem uma personalidade política bastante performática. “Após uma campanha marcada por muitos ataques à sua oposição, era esperado que o mesmo ocorresse com líderes de esquerda de outros países. A novidade, no entanto, se relaciona ao fato de o país em questão ser a Argentina, parceiro de longa data e que compartilha muitas raízes com o Brasil”, explica.

Relação

Apesar da troca de críticas entre os dois, o especialista explica que é pouco provável que uma tensão seja escalada para algo como o rompimento das relações diplomáticas. “Lula não aparenta remoer a situação, dando a entender que vê a declaração como parte do jogo político, mas deixa claro que a Argentina depende mais do Brasil do que o Brasil dela. Dessa forma, a tensão mostra sinais de ser contínua, mas não necessariamente de escalar para outros níveis de desentendimento diplomático”, disse.
Ainda nesta semana, o porta-voz de Milei afirmou que o líder argentina não comparecerá à próxima reunião de cúpula do bloco sul-americano, Mercosul, marcada para a semana que vem, em Assunção, capital do Paraguai. No entanto, Milei tem viagem programada para o Brasil, na Conferência de Ação Política Conservadora, que será realizada em Balneário Camboriú (SC), entre 6 e 7 de julho, evento que tem a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com seu porta-voz, Milei não se reunirá com Lula, mas tem se ventilado, principalmente entre o meio bolsonarista, a possibilidade dele se encontrar com Bolsonaro. Para João Felipe Marques, a ausência de Milei no evento do Mercosul é um efeito colateral de seu posicionamento. “Durante sua campanha, Milei demonstrou fortes sinais de incompatibilidade com o Mercosul e com os valores do bloco. Por se identificar com a ideologia libertária, ele considera que o Mercosul é um bloco com vícios regulamentares, beneficiando indevidamente alguns setores e produtores”.

Já a presença na conferência conservadora, segundo o especialista, representa mais um aceno do presidente argentino à direita conservadora. “O encontro com o ex-presidente também afetaria Lula de maneira colateral, tendo em vista que demonstra o desalinhamento político das duas maiores economias da América do Sul e a dificuldade de estabelecimento de um diálogo entre os líderes, que não vem só da Argentina, mas também do Brasil”, disse.