Por: Gabriela Gallo

Após polêmica, governo suspende leilão de arroz

Segundo Fávaro, preço do arroz já baixou | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Durante o lançamento do Plano Safra, nesta quarta-feira (03), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta quarta-feira (3) que não vê necessidade de o governo federal realizar um novo leilão para a compra de arroz importado. De acordo com o ministro, os preços do alimento presente diariamente na mesa do brasileiro voltaram a cair.

“O fato real é que o arroz já deu grandes demonstrações de queda de preço, tem arroz até abaixo de R$ 20, o arroz agulhinha de cinco quilos em algumas praças. E isso atende à necessidade de controle inflacionário. Então, eu vejo que, neste momento, não se faz necessário outro leilão de arroz, e sim o estímulo a produzir mais”, declarou o ministro.

A proposta do governo federal em importar arroz tinha a intenção de impedir um aumento no preço do alimento devido às enchentes no Rio Grande do Sul (RS), principal produtor de arroz. Dessa forma, a compra pública visava garantir o abastecimento e estabilizar os preços do produto no mercado interno, que tiveram uma alta média de 14%, chegando em alguns lugares a 100%, após as inundações no Rio Grande do Sul em abril e maio deste ano.

No entanto, a primeira tentativa de leilão acabou sendo anulada, diante de indícios de irregularidades, como incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras, já que três das quatro vencedoras não são do ramo alimentício do arroz ou de importação. Isso poderia gerar problemas na operação, de acordo com analistas.

O deputado federal Zucco (PL – RS) comemorou a decisão. O parlamentar, que é autor do pedido de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a suspeita de compra de arroz asiático superfaturado, ao custo de R$ 7,2 bilhões, declarou que a suspensão do leilão é uma vitória dos produtores rurais gaúchos e de toda a sociedade.

"Os arrozeiros gaúchos têm produto suficiente para abastecer o mercado interno com preço justo. E os consumidores podem ficar tranquilos de que estarão comendo um arroz de altíssima qualidade. Não é porque o governo desistiu do leilão que vamos desmobilizar. Precisamos de uma investigação independente para apurar essa cadeia de responsabilidades. Alguém levaria vantagem com isso", destacou Zucco.

Desavenças

No entanto, a decisão de Fávaro não aparenta ter uma aprovação unânime entre os demais ministros. Também nesta quarta-feira, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou que o novo edital do leilão para importação de arroz está pronto e a decisão sobre a realização da compra pública é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Questionado horas depois sobre a possibilidade de o governo retomar os leilões ainda neste ano, Carlos Fávaro confirmou que, se for necessário, sim. “Se os preços voltarem a subir sem nenhuma objetividade, ou porquê está subindo, medidas podem ser tomadas, inclusive um novo leilão. Mas eu quero crer que nós encontraremos outra alternativa que não o leilão”, disse.

Com o fim dos leilões, o governo federal deve assinar um termo de compromisso com o setor produtivo, especialmente do Rio Grande do Sul, a fim de incluir a previsão de um monitoramento conjunto do setor público e da iniciativa privada sobre preços e abastecimento do arroz. As informações são da CNN.