Por: Ana Paula Marques

Milei diz que Bolsonaro é alvo de perseguição judicial

Milei agradeceu a todos os presentes por "defenderem a liberdade" | Foto: Reprodução

Ao visitar o Brasil pela primeira vez desde que foi eleito, o presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), afirmou que Jair Bolsonaro (PL) sofre “perseguição judicial”. Ele foi recebido pelo ex-presidente na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em Balneário Camboriú, Santa Catarina (SC), nesse domingo (7), onde se encontraram também, nomes da política conservadora brasileira. A CPAC é a versão brasileira do evento Conservative Political Action Conference, considerado o maior fórum conservador dos Estados Unidos.

Além de afirmar que Bolsonaro é vítima de uma perseguição judicial, sem mencionar o recente indiciamento do ex-presidente no caso envolvendo as joias sauditas, Milei defendeu que a liberdade de expressão está sendo questionada em grandes potências mundiais. Em seu discurso, o argentino disse ser cada vez mais frequente ver países em que se acreditava “respeitar os princípios básicos da democracia, cometerem aberrações em matéria de liberdade de expressão e censura”.

O argentino também repetiu a frase tradicional de Bolsonaro, “Deus, pátria e família”, e falou que “Justiça não é para que todos sejam iguais, mas que todos possam aproveitar do fruto de seu trabalho”. Milei também criticou duramente o que chamou de “socialismo do século 21”.

“A Argentina sofreu com o socialismo por 20 anos. E ainda assim, a catástrofe argentina pode ser considerada um caso intermediário, porque por mais que tentaram, nunca conseguiram aplicar o programa socialista de vez, sempre encontraram um povo que protege a propriedade privada e que resistem a serem dominados”, Milei citou como exemplos Cuba, Nicarágua e Venezuela, classificando as gestões desses países como “ditaduras sanguinárias”.

Milei chegou ao Brasil no sábado (6), foi recebido com abraços por Bolsonaro, pelos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). Bolsonaro e Milei assistiram o jogo entre Brasil e Uruguai pela Copa América. Já na manhã deste domingo, o argentino se reuniu com empresários e com políticos de direita, além de ter, a portas fechadas, uma conversa com o ex-presidente Bolsonaro. No fim do encontro, o presidente argentino recebeu a medalha “3is: imorrível, imbrochável e incomível” de Bolsonaro.

Lula

Apesar de ser a primeira visita de Milei ao Brasil, ele não se encontrará o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como é costume quando um chefe do Executivo visita outro país, ele também não participara de cúpula do Mercosul que acontece nesta segunda-feira (8), em Assunção, no Paraguai. Segundo o porta-voz de Milei, por incompatibilidade de agenda.

Nas últimas semanas, Lula e Milei trocaram acusações. O presidente brasileiro disse que o argentino deveria pedir desculpas pelas “bobagens” que falou sobre ele e o Brasil. Milei voltou a repetir que o petista é “comunista” e “corrupto”. No domingo, porém, o presidente argentino evitou ataques ao petista.

Bolsonaro

O ex-presidente abriu o evento no sábado, e em um fala, Bolsonaro exaltou a ideologia conservadora para o desenvolvimento do Brasil. Ressaltou que o país é feito de pessoas cristãs e trabalhadores. Bolsonaro também afirmou que o país está muito perto de atingir o sucesso como nação, mas que algumas coisas ainda “atrapalham”, ele não chegou a exemplificar quais seriam essas coisas.

Na sequência, disse que está à disposição da imprensa para uma espécie de sabatina pública. " A grande imprensa que me critica, estou à disposição de vocês por duas horas para ser sabatinado sobre qualquer coisa. Se acham que vão me desgastar, saibam que as mídias sociais nos deram a liberdade e, por isso, querem censurar", afirmou Bolsonaro.

Forças Armadas

Participante da comitiva argentina, o ministro da Defesa da Argentina, Luis Alfonso Petri, também discusou no evento. Ele afirmou que a esquerda mundial tem como característica demonizar as Forças Armadas, ao mencionar o governo antecessor, do peronista Alberto Fernández, ele afirmou que o ex-presidente argentino trabalhou para destruir as Forças Armadas do país.

Petri também afirmou ainda que o governo Milei encontrou as Forças Armadas sucateadas e que está investindo em novas equipamentos militares, porque assim “está se investindo em paz”.