Por: Ana Paula Marques

Quaest: Avaliação positiva do governo Lula sobe para 36%

Popularidade melhora após mudanças na comunicação | Foto: Ricardo Stuckert / PR

O índice das pessoas que avaliam positivamente a atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cresceu de 33% para 36% na comparação com o levantamento de maio feito pela pesquisa Genial/Quaest. Os números que demonstram melhora foram divulgados na quarta-feira (10). A alta está fora da margem de erro do levantamento, que é de dois pontos percentuais. Na prática, significa um aumento real da percepção da população na atuação do governo como boa ou ótima.

Outro ponto que deve animar o governo é que a avaliação negativa do Executivo caiu de 33% para 30%. O percentual de pessoas que consideram o governo regular se manteve estável e oscilou de 31% para 30%. Não souberam ou não responderam, 4%.

Modo de governar

Já o trabalho do presidente, o seu “modo de governar”, é aprovado por 54% dos eleitores e reprovado por 43%, aponta pesquisa, outros 4% não sabem ou não responderam. O resultado indica que a aprovação voltou a se descolar da reprovação. Na última pesquisa, divulgada em maio, os percentuais eram de 50% e 47%, o que indicava empate técnico entre os dois indicadores. Segundo a pesquisa, os que mais bem avaliam o trabalho do presidente são os entrevistados com renda familiar de até dois salários mínimos, mas houve melhora na aprovação também entre mulheres e evangélicos—esse último grupo foi alvo da comunicação governamental nos últimos dias, já que representam público onde Lula tem maior rejeição.

A aprovação entre os eleitores com renda familiar de até dois salários mínimos subiu de 62% para 69% e a reprovação caiu de 35% para 26%. No eleitorado evangélico, Lula continua mais reprovado que aprovado: 52% a 42%, respectivamente. A diferença de 10 pontos, entretanto, é a menor desde outubro de 2023 e está em tendência de queda desde fevereiro de 2024, quando a reprovação do presidente atingiu o ápice nesse grupo, com 62%, com aprovação de somente 35%.

Respiro

Para o especialista em política da BMJ Consultores Associados Nicholas Borges, a nova pesquisa do Quaest serve como um respiro de alívio para o Planalto. Nos últimos meses, o governo viu sucessivas quedas na popularidade e, em maio, teve o seu pior percentual de aprovação, 47%. “Nos últimos meses, o governo realizou uma força tarefa para melhorar sua estratégia de comunicação, já que a melhora pontual na economia brasileira parecia passar despercebida por parte da população. O presidente também aumentou o número de viagens nacionais, o que pode ter impactado nesse novo resultado”, explica.

O movimento também é importante considerando a proximidade das eleições municipais, segundo o especialista, já que existe interesse do governo em eleger candidatos aliados nas principais prefeituras do país. “Em geral, é possível afirmar que novas melhoras na popularidade do governo ainda estarão vinculadas a melhorias no cenário econômico, bem como o impacto no bolso dos brasileiros em temas como água, luz, preços de alimentos e combustíveis”, avalia.

Lula X BC

Outro destaque da avaliação é que as críticas feitas nas últimas semanas pelo presidente Lula ao Banco Central (BC) foram bem vistas pela maior parte da população. De acordo com o levantamento da Quaest, 66% dos entrevistados responderam concordar com as afirmações do chefe do Executivo.

Em suas últimas falas, Lula criticou a política de juros da autoridade monetária e atacou, principalmente, o presidente do BC, Roberto Campos Netto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao cargo. O levantamento apresenta que entre os entrevistados que votaram em Lula, 77% concordaram com as críticas feitas à alta de juros e 66% discordam da possibilidade de que as falas do presidente tenham sido a principal razão pela alta do dólar.

O posicionamento do petista diante da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros a 10,50% também foi bem avaliado entre apoiadores de Bolsonaro: 51% daqueles que votaram no ex-presidente também concordam com apontamentos de Lula contrários à atuação do Banco Central, 36% discordam e 13% não souberam responder.