O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na terça-feira (16) que não é obrigado a cumprir a meta fiscal se tiver “coisas mais importantes para fazer”.
Por outro lado, ele afirmou que a meta de déficit zero para este ano não está rejeitada e se comprometeu a fazer o necessário para cumprir o arcabouço fiscal.
Lula disse ainda que precisa ser convencido sobre a necessidade de corte de gastos em 2024. As contenções devem ser formalizadas no próximo dia 22 de julho, quando será divulgado o próximo relatório de avaliação do orçamento deste ano.
“É apenas uma questão de visão. Você não é obrigado a estabelecer uma meta e cumpri-la se você tiver coisas mais importantes para fazer. Esse país é muito grande. Esse país é muito poderoso. O que é pequena é a cabeça dos dirigentes deste país e a cabeça de alguns especuladores”, disse.
“Este país não tem nenhum problema se é déficit zero, déficit de 0,1%, 0,2%. Não tem nenhum problema para o país. O que é importante é que este país esteja crescendo”, concluiu.
Ao ser questionado, então, se está descartada a manutenção da meta estabelecida de déficit zero, Lula respondeu: “Não está rejeitada, porque vamos fazer o que for necessário para cumprir o arcabouço fiscal.
Cortes
A declaração foi dada em entrevista à TV Record. Em outro momento, Lula foi questionado se está disposto a fazer contingenciamentos neste ano ano para manter a credibilidade do arcabouço e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O presidente respondeu que precisa ser convencido disso.
“Primeiro, tenho que estar convencido ou não de cortar. Sabe que tenho divergência histórica, de conceito, com o pessoal do mercado. Nem tudo o que tratam como gasto, eu trato como gasto”, afirmou.
O presidente voltou a repetir que sua responsabilidade fiscal vem de berço. E que aprendeu com Dona Lindu, sua mãe, a não contrair dívidas que não possa pagar, a não que seja para fazer patrimônio.
“Seriedade fiscal eu tenho mais do que quem dá palpite nessa questão no Brasil”, disse, sem mencionar diretamente economistas ou o mercado financeiro.
No último dia 3, Haddad anunciou um corte para 2025 de R$ 25,9 bilhões em despesas com benefícios sociais, que passarão por um pente-fino.
O anúncio sucedeu dias de turbulência nos mercados diante da desconfiança crescente dos agentes econômicos quanto ao compromisso do governo em cumprir as regras fiscais vigentes.
“A primeira coisa que o presidente determinou é: cumpra-se o arcabouço fiscal. Não há discussão a esse respeito”, disse Haddad, à época, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Segundo ele, a orientação do presidente “é que o arcabouço seja preservado a todo custo”. Isso significa, detalhou Haddad, dizer que o governo vai segurar despesas já em 2024 para alcançar a meta fiscal e respeitar o limite de gastos. (Mariana Hollanda/Folhapress)