O Banco Central (BC) tomará sua decisão de política monetária na próxima quarta-feira (31). Na última reunião, em junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic estável em 10,50%, interrompendo o ciclo de corte de juros. Agora, as projeções, apesar da pressão e das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são que o comitê mantenha novamente a taxa nesse patamar considerado restritivo. E o que o mercado projeto é que essa manutenção continue por um período prolongado.
Em seu último comunicado, o Copom já reiterara que, além dos fatores externos, a Selic deveria se manter no mesmo patamar elevado até que a inflação voltasse para perto da meta. Na sua política monetária, o Bancoi Central utiliza as taxas de juros como ferramenta para segurar a inflação. Os juros elevados desestimulam o crédito, e o crédito desestimula o consumo, como forma de manter mais baixa a inflação. Desde a última reunião do Copom, porém, aconteceram algumas mudanças nas variáveis que afetaram o cenário para a inflação, como a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).
O IPCA 15 é a prévia da inflação oficial do país. E neste mês desacelerou, com alta de 0,30% ante junho, após ter subido 0,44% em maio e 0,39% no mês passado, como informou na última quinta-feira (25) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por isso, a expectativa de manutenção da taxa. O que, certamente, não deixará satisfeito o presidente Lula, que cobra redução dos juros para estimular a economia e permitir novos investimentos no país. Por conta, portanto, dessa pressão, alguns investidores ainda esperam um aumento da Selic este ano em meio à incerteza sobre a política monetária no Brasil. Isso porque o mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, irá acabar no fim do ano e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu juros menores para impulsionar o crescimento, irá escolher um novo presidente do BC e, também, mais dois diretores — o que significa que o Copom passará a ter a maioria dos membros nomeados por ele. Para alguns analistas, a incerteza sobre como Lula se comportará com relação a essas mudanças pode pressionar novo aumento dos juros.
Congelamento
No mesmo sentido, o governo vê-se obrigado a manter os cofres públicos estáveis para não perder o controle da economia. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 contará com a “contribuição” de todos os ministérios. O valor foi anunciado na última segunda-feira (22) pela equipe econômica. Serão bloqueados R$ 11,2 bilhões do Orçamento e R$ 3,8 bilhões serão contingenciados.
O anúncio oficial sobre os cortes será realizado na próxima semana, segundo o Ministério do Planejamento. As informações completas serão detalhadas no decreto de programação financeira, que será publicado até a próxima terça-feira (30) no Diário Oficial da União (DOU).
Haverá contingenciamentos e bloqueios, segundo o governo para cumprir a meta fiscal. O bloqueio deve ocorrer sempre que os gastos do governo crescem mais que 70% acima da inflação. Já o contingenciamento é a alternativa para a falta de receitas. Mas especialistas já confirmam novos cortes no Orçamento.
Eleições
Com os poderes Legislativo e Judiciário ainda em recesso, as atenções se voltam para as convenções que vão oficializando pelo país os nomes dos candidatos a prefeito.
Na semana passada, o presidente Lula esteve na convenção que oficializou a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) para a prefeitura de São Paulo.
Esta semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou presença na convenção partidária do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) que irá oficializar a chapa do atual prefeito da cidade e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), com o pré-candidato ao cargo de vice, o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo (PL). O evento está marcado para o dia 3 de agosto, no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).