Em corrida eleitoral nos EUA, Lula defende Biden

Após pedidos para que o democrata desista de concorrer, Lula defende que a decisão cabe a ele

Por Gabriela Gallo

Lula terá em 2026 a mesma idade que Biden tem hoje

Em meio à campanha presidencial nos Estados Unidos, o candidato democrata Joe Biden vem sendo pressionado para deixar sua candidatura em decorrência de seu fraco desempenhos nos debates presidenciais. No debate presidencial, ele falou com uma voz rouca (devido a um resfriado), hesitou para responder e falou devagar, não demonstrou confiança em seu discurso e não desmentiu acusações de seu adversário, o republicano Donald Trump. O argumento mais adotado para que Biden desista da candidatura é sua idade. O atual presidente dos Estados Unidos tem 81 anos e é o presidente mais velho da história do país.

Na verdade, essa é uma situação que pode vir a ser explorada também no caso de Lula. Em 2026, caso venha a disputar a reeleição, Lula terá exatamente os mesmos 81 anos de Biden agora. Nesse sentido, Lula encheu-se de cuidados para falar da situação do presidente norte-americano. Em entrevista à rádio baiana “Princesa”, nesta segunda-feira (1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que cabe ao próprio Biden definir se ele tem condições de concorrer a reeleição ou não. “Eu acho que o Biden tem um problema que ele está andando mais lentamente, demorando mais para responder as coisas, possivelmente esteja pensando. Mas quem sabe da condição do Biden é o Biden. Se ele está bem, ele é candidato. Se ele acha que está em condições, ótimo. Mas se ele não está, é melhor eles [o partido Democrata] tomarem uma decisão”, declarou o presidente brasileiro.

Ele reforçou que, caso o americano não esteja bem de saúde, “o Partido Democrata pode indicar outra pessoa”. Ele destacou que “é difícil dar palpite” no processo eleitoral de outros países, já que é necessário conviver com aqueles que ganharam as eleições e por isso, é preciso ter cuidado “para não criar animosidades”.

Em 2026, Lula – que não negou a possibilidade de concorrer à reeleição na corrida presidencial brasileira, terá exatamente a mesma idade do democrata. E a questão da idade também vem sendo adotada como argumento contra a candidatura do petista. Dessa forma, a declaração do presidente brasileiro sobre a idade e a capacidade de Biden acerca de assumir a presidência poderia ser uma mensagem para quando ele concorrer novamente ao cargo em 2026.

Desistir?

Na entrevista, Lula destacou a importância dos resultados das eleições norte-americanas em escala mundial. “A depender de quem ganha e a depender de que política externa quer ter os Estados Unidos, a gente pode melhorar ou a gente pode piorar o mundo. E eu acho que é preciso melhorar o mundo, o mundo precisa ficar mais humano, mais solidário, mais fraterno mais humanista, a verdade é essa; as pessoas estão muito raivosas, muito irritadas”, disse Lula, que confirmou que torce para que Biden ganhe a corrida eleitoral.

Em meio à expectativa global quanto ao resultado da disputa presidencial, por enquanto a expectativa é que Biden siga tentando. Neste domingo (30), Biden consultou sua família sobre a possibilidade de desistir do cargo e foi aconselhado a permanecer na disputa pela reeleição. De acordo com a Associated Press (AP), a família do democrata criticou a forma como a equipe da campanha de Biden o preparou para o debate contra Trump.

Apesar de haver outros quatros candidatos concorrendo à Presidência, a chance de algum dos demais ganhar força para bater de frente contra a polarização entre Trump e Biden são muito baixas. Na prática, a disputa nos Estados Unidos sempre se deu somente entre Republicanos e Democratas.

Julgamento

Além disso, nesta segunda-feira a Suprema Corte dos Estados Unidos emitiu um comunicado que determina que Donald Trump conta com imunidade presidencial limitada em relação aos atos feitos enquanto era presidente dos Estados Unidos, de 2017 a 2021. Na prática, a decisão beneficia o republicano, que é investigado por supostamente tentar reverter as eleições presidenciais de 2020, enquanto estava à frente da Casa Branca.

A decisão é vista com uma vitória para Trump, já que ela deve atrasar os julgamentos dos processos contra o ex-presidente, que já tinham a expectativa de acontecer apenas depois das eleições presidenciais, em 5 de novembro.