Lula não reconhece vitória de Maduro e sugere nova eleição
Presidente diz que seu aliado da Venezuela deve explicação sobre o processo eleitoral no seu país
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na quinta-feira (15) que não reconhece Nicolás Maduro como vitorioso nas eleições da Venezuela e sugeriu um governo de coalizão ou mesmo um novo pleito como saídas para a crise no país vizinho.
Perguntado sobre se reconhecia a vitória de Maduro, que se autoproclamou vencedor das eleições que aconteceram na Venezuela no dia 28 de julho, Lula respondeu: “Ainda não. Ele sabe que está devendo explicação para a sociedade brasileira e para o mundo, ele sabe disso.
O presidente sugeriu, então, saídas para a crise no país vizinho. “Tem várias saídas, ou faz governo de coalizão, uma composição. Muita gente que não votou em mim e eu trouxe todo mundo para o governo. Não quero me comportar de forma apaixonada e precipitada, quero resultados", afirmou.
"Se ele [Maduro] tiver bom senso, podia tentar fazer conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer critério de participação de todos os candidatos, criar comitê eleitoral suprapartidário, que participe todo mundo e deixar que participem olheiros. O que não posso é ser precipitado e tomar decisão. Quero respeitar a soberania dos outros países", declarou.
A declaração foi dada em entrevista à Rádio T, em Curitiba (PR). Lula estava no Paraná para visitar uma fábrica de fertilizantes, uma refinaria e a montadora de automóveis da Renault.
“Estupidez”
"É uma estupidez", afirmou o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, sobre a ideia de uma nova eleição na Venezuela como maneira de atenuar a crise que atravessa o país após a contestada reeleição de Nicolás Maduro.
"Não vamos repetir eleições coisa nenhuma", disse o vice-presidente do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), a legenda que controla o Estado venezuelano e tem Maduro na liderança. "Um segundo turno? Na Venezuela não há segundo turno. Senhores... Não se metam nos assuntos internos da Venezuela que vamos respondê-los."
Amorim
O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, apontado como autor da ideia de novas eleições na Venezuela, questionou a resistência à ideia. Ele argumentou que, se os autoproclamados vencedores de fato ganharam, numa nova eleição "ganhariam de novo".
Amorim, no entanto, afirmou que não existe uma proposta oficial dele ou do presidente Lula (PT) para que um novo pleito fosse realizado e que ele próprio ouviu a ideia de um ator estrangeiro. Disse que é uma ideia que "está aí" e que, se ela ocorresse, precisaria de uma "supervisão internacional robusta".
Amorim virou chacota no principal site humorístico venezuelano crítico ao chavismo. Em uma publicação na quarta, o El Chiguire Bipolar escreveu: "Brasil propõe repetir eleições até que Maduro ganhe".
Marianna Holanda, Renato Machado e Mayara Paixão (Folhapress)