Por: Karoline Cavalcante

Marina Silva alerta para o risco de Pantanal deixar de existir

Marina propõe um marco regulatório sobre clima | Foto: Roque de Sá/Agência Senado

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, alertou nesta quarta-feira (4) que o Pantanal corre o risco de desaparecer até o final do século. A declaração foi feita em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado Federal.

"Segundo os pesquisadores, se continuar o mesmo fenômeno em relação ao Pantanal, o diagnóstico é de que poderemos perdê-lo até o fim deste século. Isso tem um nome: baixa precipitação, alto processo de evapotranspiração, não conseguindo alcançar a cota de cheia, nem dos rios nem da planície alagada. E, portanto, a cada ano se vai perdendo cobertura vegetal. Seja em função de desmatamento ou de queimadas. Você prejudica toda a bacia e assim, segundo eles, até o final do século nós poderemos perder a maior planície alagada do planeta”, disse Marina.

A ministra foi convidada pela presidente da CMA, a senadora Leila Barros (PDT-DF), para falar sobre as ações do governo federal devido ao aumento alarmante de queimadas e incêndios florestais em diversos biomas brasileiros nas últimas semanas, com destaque para a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal.

Reflexo direto

“As queimadas que assolam o nosso território são um reflexo direto do cenário de emergência climática que enfrentamos”, iniciou a senadora. ''O crime ambiental hoje movimenta entre US$ 110 bilhões e US$ 280 bilhões anualmente, causando prejuízos de até US$ 9 bilhões em impostos. Ou seja, existem grupos poderosos que se aproveitam da população local para executar os seus crimes e nessa lógica está o desmatamento ilegal, diretamente ligado à ocorrência de queimadas”, acrescentou

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, e o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, também participaram da reunião.

Marco Regulatório

Marina Silva enfatizou a necessidade urgente de o Congresso Nacional estabelecer um marco regulatório de emergência climática, considerando que 1.942 municípios estão enfrentando riscos extremos devido às mudanças climáticas.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre os focos de fogo no país, o Brasil ficou com 139.303 em 2024, ou seja, um aumento de 102% quando comparado ao mesmo período de 2023 quando os dados registraram 68.861. O período em questão da análise é do dia 1 de janeiro até o dia 3 de setembro. O Inpe também apontou que o mês de agosto deste ano registrou 68,3 mil focos de queimadas, representando um aumento de 144% em comparação com o mesmo mês de 2023.

De acordo com Marina, o perfil dos incêndios na Floresta Amazônica está mudando devido à perda de umidade, o que pode tornar a região mais suscetível a incêndios naturais. Atualmente, 27% das áreas afetadas por queimadas na Amazônia estão localizadas em zonas de atividade agropecuária, enquanto 41% ocorrem em áreas de vegetação não florestal.

Questionada pelo colegiado, a ministra negou que a pasta sofra cortes orçamentários significativos na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela também afirmou que o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e no Cerrado (PPCerrado), criado no atual governo, tem ajudado significativamente a reduzir o desmatamento.

“Além de repor o que vossas excelências cortaram, o governo acabou de aprovar um crédito extraordinário de R$170 milhões para o combate aos incêndios. Portanto, não procede as informações de que o governo não está priorizando. Está priorizando, e muito”, pontuou Marina.