Por: Karoline Cavalcante

Sete de Setembro de desfiles e protestos

Governo resolveu despolitizar o 7 de setembro para não rivalizar com oposição | Foto: Ricardo Stuckert/PR

No sábado, dia 7 de setembro, às 8h45, Brasília será palco de um grande desfile cívico-militar em celebração ao 202º aniversário da Independência do Brasil. O evento, que ocorrerá na Esplanada dos Ministérios, contará com a participação de tropas militares, escolas e grupos culturais. O desfile promete destacar a importância da data para a história do país e espera atrair uma grande audiência de espectadores.

Em contrapartida, grupos de oposição ao atual governo planejam ir às ruas para protestos políticos. O ato principal está marcado para acontecer na Avenida Paulista, em São Paulo, às 14h, e está sendo organizado pelo pastor Silas Malafaia. Seu foco principal: o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e o pedido de impeachment contra ele que será protocolado na segunda-feira (9).

MST e MTST

Diante da concorrência com os protestos da oposição, o governo resolveu despolitizar o desfile oficial. Inicialmente, a convite do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) iriam desfilar de maneira simbólica na cerimônia. O evento contaria também com a participação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), origem política do candidato à prefeitura de São Paulo, deputado Guilherme Boulos (Psol), apoiado por Lula. O governo, porém, recuou dos convites, alegando “dificuldade de logística”.

“Inicialmente, foi cogitado convidar entidades da sociedade civil do Rio Grande do Sul envolvidas em ações solidárias do estado, mas, devido à dificuldade de logística, isso não se concretizou”, informou a assessoria da Presidência.

Ao Correio da Manhã, o MST explicou quais eram os planos para a participação e que o cancelamento se deu por conta do protocolo militar.

“O MST teria dois membros que fariam uma participação simbólica durante o desfile do 7 de setembro, em Brasília, representando junto a outras organizações convidadas, entidades que obtiveram um reconhecimento público às ações solidárias empenhadas na reconstrução do estado do Rio Grande do Sul, após a tragédia que assolou o estado gaúcho”, explicou a assessoria do Movimento. “Porém, fomos informados que devido às dificuldades técnicas relacionadas ao carro do desfile, não seria possível manter essa participação no evento, uma vez que existe um protocolo de que somente militares podem desfilar em carros abertos na cerimônia”, finalizou.

Atletas

Retirados, portanto, os integrantes dos movimentos sociais, estarão em seus lugares como destaques os atletas que brilharam recentemente nos Jogos Olímpicos de Paris. Desfilarão 31 atletas olímpicos. E o mascote do Sistema Único de Saúde (SUS), o popular Zé Gotinha, para celebrar a retomada da vacinação. O governo conta sempre com o sucesso da Esquadrilha da Fumaça.

“Ao todo, o desfile irá mobilizar 8.812 pessoas, incluindo militares, estudantes e atletas. Deste total, 3.990 participarão dos desfiles a pé, motorizado (que envolverá 133 viaturas) e montado (cavalos). A equipe de segurança, formada por contingentes da Marinha, Exército e Aeronáutica, além de equipes da Segurança Pública, mobilizará outros 4.882”, informou a Secom.

Protestos

Enquanto isso, a oposição ao governo espera lotar a Avenida Paulista. O alvo principal será Alexandre de Moraes. Mas toda a intenção do evento tentará vinculá-lo ao governo Lula, buscando estabelecer a ideia de que há censura e perseguição aos principais líderes de direita no país. A começar pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o organizador do evento, Silas Malafaia, o principal destaque do ato de protesto, Bolsonaro, não fará ele mesmo ataques a Alexandre de Moraes. Bolsonaro responde a processos que têm Moraes como relator, e há um entendimento de que ataques diretos poderiam prejudicá-lo. Bolsonaro, assim, deverá centrar seus discursos na ideia de que sofre perseguição política com as investigações de que é alvo.

Além de Bolsonaro, deverão estar na Paulista a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o senador Magno Malta (PL-ES), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-DF), e a deputada federal Julia Zanatta (PL-SC), dentre outros.

A organização do protesto pediu para que manifestações não sejam feitas em outras localidades para evitar a promoção política de candidatos às eleições municipais. “Os candidatos querem usar isso para fazer campanhas para si”, disse Malafaia à reportagem.