Por: Gabriela Gallo

Lira apoiará Hugo Motta em racha no Centrão

Lira confirmou o apoio a Motta na reunião de líderes | Foto: Reprodução/Instagram

Em almoço com os líderes da Câmara nesta quarta-feira (11), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sacramentou seu apoio ao líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), como candidato à sua sucessão em fevereiro do ano que vem. Embora o anúncio já fosse esperado, ele confirma que Lira abandonou á própria sorte aquele que até então era seu preferido, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA). O problema para Lira é que Elmar não desistiu das suas pretensões. Fez um acordo de apoio mútuo com o líder do PSD, Antõnio Brito (BA), no qual um apoiará ao final aquele dos dois que se mostrar mais forte. E saiu no mesmo dia do anúncio de Lira em busca do apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governo e do PT. A disputa, assim, rachou o Centrão e tornou o governo fiel da balança.

O anúncio de Lira no almoço não foi feito oficialmente por ele. Acabou divulgado nas redes sociais pelo líder do PT, Odair Cunha (MG), que até sinalizou uma possibilidade de apoio a Motta, embora a questão não esteja resolvida no partido e no governo.

“Não cabe debater a questão governo versus oposição, mas tão somente garantir a escolha de um nome que assegure o funcionamento harmônico e independente do Poder Legislativo”, escreveu Odair Cunha. “Quanto menos disputas secundárias, melhor será para os interesses do Brasil. O importante é a união em torno da aprovação de projetos relevantes que busquem o desenvolvimento sustentável e beneficiem de forma ampla toda sociedade brasileira”, escreveu o parlamentar.

O parlamentar ainda destacou que encaminhará “ao conjunto de parlamentares da Bancada”, formada pelas siglas PT, PCdoB e PV, o nome de Hugo Motta para que avaliem a possibilidade de apoiar o candidato. O apoio oficial dependerá, todavia, de um possível nome escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que ainda não oficializou apoio a nenhum candidato, sem expectativas de se manifestar tão cedo.

Elmar Nascimento

E justamente na tentativa de buscar apoio do presidente da República, ainda nesta quarta-feira, o também candidato à presidência da Câmara pelo União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA), se reuniu com Lula. O encontro aconteceu no Palácio do Planalto, fora da agenda oficial do presidente, articulado pelo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e pelos ministros Juscelino Filho (Comunicações) e Celso Sabino (Turismo), que são do mesmo partido de Elmar Nascimento..

Informações de bastidores apontam que, no encontro, Lula informou que não irá interferir na eleição do Congresso Nacional, caso não haja um nome de consenso entre os deputados federais. Ou seja, existe a chance de Lula se isentar e não declarar apoio a nenhum candidato da Câmara. Em tese, o único pedido do presidente é que a disputa não provoque um racha na base aliada a ponto de afetar as votações de interesse do governo.

Inicialmente, Elmar Nascimento era o candidato favorito de Arthur Lira para o cargo. Porém, após a desistência da candidatura de Marcos Pereira (Republicanos-SP) para apoiar o colega de partido, Hugo Motta ganhou um favoritismo repentino na Casa. Visto como um candidato mais moderado e conciliador – capaz de transitar entre governo e oposição – a força que a candidatura de Motta vem apresentando fez o presidente Arthur Lira repensar suas escolhas.

Em meio à força de Motta, Elmar Nascimento fechou uma aliança com o candidato do PSD, o líder do partido, Antonio Brito. A proposta da aliança é que os candidatos se apoiem simultaneamente até o final do ano e, a partir de janeiro de 2025, aquele que aparentar ter as melhores condições de concorrer com Hugo Motta, seguirá na disputa interna.

Considerando que o candidato do Republicanos tenha o apoio de Lira, ele consequentemente também terá o apoio dos partidos PL (a maior bancada da Casa), PP e Republicanos – todos partidos de direita.

Diante disso, a tentativa de Elmar Nascimento em se aproximar do presidente Lula visa trazer uma imagem da aliança União Brasil-PSD como uma frente “pró-governo”.