Por: Karoline Cavalcante

Operação da PF investiga desvio de emendas de Hugo Motta

Investigação vê irregularidade em emenda de Hugo Motta | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Problemas no horizonte do líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), candidato à Presidência da Câmara com o apoio do atual presidente, Arthur Lira (PP-AL). A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (12) a “Operação Outside” que tem por objetivo apurar irregularidades no processo de uma obra de restauração da Alça Sudeste e da Avenida Manoel Mota, no município de Patos, na Paraíba. A investigação foi realizada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e com a Controladoria-Geral da União (CGU).

A investigação aponta para mais um suposto caso de irregularidades envolvendo a destinação das emendas de relator, que até há pouco tempo integravam o que se condicionou chamar de orçamento secreto. No caso, tal obra é declaradamente financiada por uma emenda de relator que, na verdade, era apadrinhada por Hugo Motta, com um montante inicial de R$ 5.071.801,50.

Irregularidades

Segundo a CGU, os trabalhos começaram com a coleta de informações e a análise de documentos referentes à contratação da empresa encarregada da execução da obra. “Foram identificadas irregularidades, como indícios de que as empresas participantes da licitação simulavam concorrência, regras no edital que restringiam a participação de outras empresas e superfaturamento nos valores cobrados” informou o órgão.

Até o final da manhã, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão expedidos pela 14ª Vara Federal em Patos contra a construtora e o empresário responsável. Conforme autorização da Justiça Federal, foi permitido o sequestro de bens móveis e imóveis pertencentes aos investigados, “no valor de R$ 269.108,21, referente ao superfaturamento identificado pela CGU em um dos aditivos contratuais”, informou a PF.

Crimes

De acordo com a Polícia Federal, caso se confirme a autoria e a materialidade dos delitos, os investigados poderão ser responsabilizados por crimes como frustração do caráter competitivo, pagamento irregular em contrato administrativo, peculato, crimes tributários e lavagem de capitais.

À época, Motta, que é filho do prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos), anunciou a parceria em publicação nas redes sociais.

“Alça Sudeste é um fruto do nosso trabalho em Brasília em parceria com o prefeito Nabor Wanderley. Melhorar a infraestrutura urbana, descentralizando os investimentos e auxiliando no crescimento ordenado da cidade é um compromisso que temos com Patos. Vamos seguir trabalhando para que mais investimentos cheguem e beneficiem a população”, afirmou.

Procurada pelo Correio da Manhã, a assessoria do deputado informou que não vai se manifestar, frisando que “ele não é investigado e nem suspeito”.

À reportagem, a Prefeitura Municipal de Patos de Minas ressaltou que “o contrato em questão não foi assinado pela atual administração” e o município não está sendo investigado

“O Município de Patos esclarece que não está sendo investigado e não recebeu qualquer mandado de busca e apreensão em suas instalações. A prefeitura destaca que tem colaborado de forma plena com as investigações, tendo fornecido todos os documentos e informações solicitados relacionados ao contrato celebrado em 2020”, iniciou a prefeitura. “A administração municipal permanece disponível para esclarecer eventuais dúvidas e fornecer explicações adicionais que possam contribuir para a elucidação dos fatos. É fundamental ressaltar que o contrato em questão não foi assinado pela atual administração e que não existe vínculo com as empresas que estão sendo investigadas”, finalizou a nota.