Por: Karoline Cavalcante

Marina admite falta de recursos para crise ambiental

Lula fala na ONU pressionado por crise ambiental | Foto: Ricardo Stuckert/PR

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, admitiu nesta segunda-feira (23), que os recursos do governo federal para o enfrentamento da crise ambiental não têm sido suficientes. A declaração foi feita no podcast “Café da Manhã”, do jornal Folha de S. Paulo.

A declaração de Marina é uma resposta à crise ambiental que se abate sobre o país. Governadores têm pressionado o governo e cobrado por mais ação e recursos. Exatamente no momento em que o tema é discutido na Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta terça-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará o tradicional discurso de abertura.

“O que nós estamos descobrindo agora é que o planejado não foi suficiente”, reconheceu Marina. “E ter essa clareza e essa responsabilidade de não querer mascarar a realidade ou minimizar a realidade faz parte de uma postura republicana diante da sociedade”, disse a ministra.

Afronta

Marina relatou ainda, que ao viajar com o presidente para visitar comunidades na Amazônia, focos de incêndio só foram observados no fim da viagem, quando deixavam o local, indicando uma “afronta” proposital aos representantes do governo.

“Houve ali uma tentativa, no meu entendimento, de fazer uma afronta. Estavam passando o presidente, o ministro da Defesa, as autoridades da República”, afirmou.

Discurso

É nesse ambiente que Lula fará o discurso, enquanto acontece em paralelo a Cúpula do Futuro, encontro que visa a discussão entre os chefes de Estado justamente de ações para combater a crise climática global.

No domingo (22), ao falar na abertura da cúpula, Lula disse faltar “ambição e ousadia" dos líderes mundiais em temas da agenda global para evitar retrocessos.


Na ocasião, foi aprovado o Pacto do Futuro, que inclui o Pacto Digital Global e a Declaração sobre as Gerações Futuras. No documento, destacam-se a inclusão de temas, como, paz e segurança, desenvolvimento sustentável, mudança climática, cooperação digital, direitos humanos, gênero, juventude e gerações futuras, e a transformação da governança global.

Assembleia Geral

O evento reúne chefes de Estado e governo dos 193 Estados-membros da organização, além de representantes da sociedade civil; e precede a 79ª Assembleia Geral da ONU, que acontecerá nesta terça-feira (24).

Na Assembleia, Lula fará o discurso de abertura e deve falar sobre o combate à fome, desigualdade e questões climáticas. Tradicionalmente, o presidente do Brasil é o primeiro país a discursar desde a 10ª sessão da cúpula.

“Podemos esperar que eles [temas] sigam um pouco a agenda que o Brasil propôs para o G20, ou seja, que falem de inclusão, combate à fome, transição energética e reforma da governança global”, adiantou à imprensa na última terça-feira (17), o secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Carlos Márcio Cozendey.

No discurso na abertura da Cúpula do Futuro, muitos dos principais líderes do planeta não estavam presentes. Em análise do cientista político, Kleber Carrilho, essa ausência ainda não permite indicar um desprestígio do tema.

“A gente tem que lembrar que a Assembleia Geral é o momento mais importante”, iniciou. “O Brasil realmente tem mostrado, e o presidente Lula, em particular, que não tem conseguido manter e conquistar uma liderança regional. Tanto politicamente quanto em temas específicos, como este da crise climática. E isso nos deixa muito preocupados com os próximos passos”.

O Brasil está hoje na presidência do G20, grupo dos países mais ricos do mundo, e sediará em Belém (PA) a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. “São momentos em que é fundamental que haja uma credibilidade no discurso que o presidente Lula não tem conseguido”, apontou Carrilho.