Por: Karoline Cavalcante

Lula condena ataques israelenses ao Líbano

Itamaraty inicia cadastro de brasileiros no Líbano | Foto: Carlos Cruz/MRE

Durante a abertura do discurso na 79º Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou preocupação com os ataques de Israel ao Líbano. O evento foi realizado em Nova York, nos Estados Unidos.

“Vivemos um momento de crescentes angústias, frustrações, tensões e medo.
Testemunhamos alarmante escalada de disputas geopolíticas e de rivalidades estratégicas”, iniciou.

“Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o Líbano. O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo”, lamentou o presidente.

Hipocrisia

Em análise da advogada especialista em direito internacional, Hanna Gomes, a menção do presidente à guerra no Oriente Médio é importante, dada a complexidade da situação geopolítica da região, e que o posicionamento “denuncia a hipocrisia de algumas potências”.

“Esse posicionamento não só denuncia a hipocrisia de algumas potências que, ao mesmo tempo em que falam em paz, muitas vezes apoiam intervenções militares ou agendas que alimentam a violência, mas também busca mobilizar uma nova mentalidade coletiva. Lula apela para que os líderes mundiais se unam em torno de uma nova ética de governança global, que valorize a paz e o respeito mútuo”, disse a especialista

O Ministério das Relações Exteriores divulgou, nesta terça-feira (24), um cadastro para coletar os nomes de brasileiros que estão no Líbano, sejam turistas ou residentes, e que desejam receber apoio do governo brasileiro.

Ao Correio da Manhã, a Força Área Brasileira (FAB), afirmou que está pronta para um eventual processo de repatriação dos brasileiros que estão em meio ao conflito.

O formulário foi criado em meio à intensificação dos confrontos entre Israel e o grupo libanês Hezbollah. Na madrugada desta terça-feira (24), Israel voltou a bombardear o Líbano, marcando o dia mais mortal do país em décadas. De acordo com o balanço atualizado do Ministério da Saúde libanês, ao menos 558 pessoas perderam a vida nos ataques do dia, incluindo 50 crianças e 94 mulheres. Além dessas vítimas, 1.835 pessoas ficaram feridas.

De acordo com informações do Itamaraty, o Líbano é o país com a maior quantidade de brasileiros residentes do Oriente Médio, os dados mais recentes mostram cerca de 21 mil pessoas na localidade.

Na segunda-feira (23), o MRE condenou “nos mais fortes termos” os ataques israelenses e afirmou que a Embaixada do Brasil em Beirute, capital do Líbano, está prestando uma constante assistência à comunidade brasileira.

“Também deplora declarações de autoridades israelenses em favor de operações militares e da ocupação de parte do território libanês e expressa grave preocupação ante exortações do governo israelense para que civis libaneses evacuem suas residências naquelas regiões”, iniciou a nota. “O Brasil renova o apelo às partes envolvidas para que cessem, imediatamente, os ataques, de forma a interromper a preocupante escalada de tensões, que ameaça conduzir a região a conflito de amplas proporções, com severo impacto negativo sobre populações civis”, acrescentou.