Parlamentares apresentam impeachment contra Moraes na próxima semana

Oposição pretende fazer obstrução enquanto processo não entrar em tramitação

Por Gabriela Gallo

Oposição fará obstrução para pressionar pelo impeachment

Após uma série de polêmicas envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, senadores da oposição apresentarão na próxima segunda-feira (9) um pedido de impeachment coletivo contra o ministro da Suprema Corte. A informação foi confirmada em uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (4). Os parlamentares acusam o ministro por abuso de autoridade ao banir a plataforma “X” (antigo twitter), além de processos que abriu contra congressistas. Pouco antes da apresentação oficial do pedido, no feriado do dia 7 de setembro (sábado), está convocada uma manifestação pela saída do magistrado, na Avenida Paulista, em São Paulo.

O documento, que coletou mais de 1,3 milhão de assinaturas pelo impedimento de Moares, é assinado por deputados federais e representantes da sociedade. Na coletiva, o senador Marcos Rogério (PL-RO) explicou que senadores não assinarão o documento, apesar de estarem liberados pela lei, para evitar um “conflito moral”. Há um entendimento de que eles poderiam ficar impedidos de votar caso assinassem.

“Quem conhece a tramitação de um processo de impeachment sabe que há dois momentos: o momento em que ele é protocolado e o que ele é processado. O [momento em] que ele é processado, os que oferecem a denúncia do processo de impeachment vêm à Comissão para dar depoimento e apresentar as razões para justificar o pedido de impeachment”, explicou o senador.

“Um senador funcionar como denunciante e depois voltar para a cadeira de senador, sentar e funcionar como juiz é repetir o mesmo que Alexandre de Moraes está a fazer”, concluiu Marcos Rogério.

O senador Rogério Marinho (PL-RN) convidou os cidadãos interessados a assinarem o documento. “Temos que constranger aqueles que estão infringido a lei de forma reiterada”, pontuou.

Censura

Na coletiva, a líder da minoria na Câmara dos Deputados, Bia Kicis (PL-DF), acusou a decisão de Moraes como censura ao banir o X, e condenou as penas aplicadas a pessoas que usarem a rede social. “Mesmo os países que baniram o X não tiveram a ousadia de proibir e multar as pessoas que se utilizam do VPN, um recurso tecnológico, para se informarem, para continuarem interagindo com o mundo”, criticou a parlamentar, que completou que o caso se assemelha à queima de livros na Biblioteca de Alexandria, durante o Império Romano.

Bia Kicis acusou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de se omitir das decisões proferidas por Moares, chamando-o de “avalista/’ – que é a pessoa que se responsabiliza pelo pagamento de uma dívida caso o devedor principal não a cumpra. Ela ainda convocou as pessoas a se juntarem à manifestação na Paulista, de preferência de verde e amarelo.

Obstrução

E, além do pedido formal de impeachment contra Moraes, Bia Kicis ainda confirmou que os deputados federais da oposição irã obstruir a Câmara dos Deputados, paralisando os trabalhos. A expectativa era que o Senado siga os mesmos passos, mas o senador Marcos Rogério manifestou cautela em anunciar a medida, afirmando que a obstrução deve acontecer após a apresentação do pedido de impeachment.

A obstrução é um recurso adotado no Congresso para impedir o prosseguimento dos trabalhos e ganhar tempo dentro de uma ação política. As estratégias mais adotadas são não comparecer ao plenário para evitar quórum e pedidos de adiamento de discussão e votação.

A próxima semana, de 9 a 11 de setembro, seria a semana de esforço concentrado da Câmara, quando as sessões seriam presenciais para alinhar as matérias que faltam ser analisadas. Portanto, caso os parlamentares obstruam as sessões, temas que aguardam respostas – como a votação de destaques do segundo texto da regulamentação da reforma tributária (PLP 108/2024) e a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) das Propostas de Emenda à Constituição (PEC) que limitam os poderes dos ministros do Supremo – ficarão paralisadas.