Elmar se encontra com Lula na disputa pela Câmara

Resultado de aliança com PSD, encontro visa negociar apoio do governo

Por Gabriela Gallo

Elmar tenta se recolocar na disputa pela Câmara

Em meio às negociações por apoio nas eleições para a presidência da Câmara dos Deputados, o candidato pelo União Brasil e líder do partido, Elmar Nascimento (BA), se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira (11). O encontro foi solicitado pelo parlamentar que, preterido por seu antigo padrinho, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenta agora se recolocar no jogo buscando o apoio do governo. Lira ainda não declarou oficialmente quem apoiará, mas deu mostras de que poderia vir a se inclinar pela solução Hugo Motta (Republicanos-PB). O nome do líder do Republicanos surgiu como eventual solução de consenso proposta pelo vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Aliança

Após a desistência da candidatura de Marcos Pereira (Republicanos-SP) para apoiar a candidatura do colega de partido, Hugo Motta ganhou um repentino e rápido protagonismo para disputar o cargo, por ser considerado um candidato moderado e conciliador. Nem Elmar Nascimento nem o líder do PSD, Antônio Brito (BA), candidato apoiado pelo presidente do seu partido, Gilberto Kassab, aceitaram, porém, a solução de consenso. O União Brasil e o PSD uniram, então, forças para tentar enfraquecer a candidatura do candidato do Republicanos. Pelo pacto que fizeram, Elmar e Brito se comprometem a apoiar aquele que até fevereiro, data da eleição, se mostrar com mais forças.

Numa prévia do encontro com Lula, na noite desta segunda-feira (9), Elmar e Brito se reuniram com o ministro da Secretaria de Governo, Alexandre Padilha. Com eles, os dois ministros filiados ao União, Juscelino Filho, das Comunicações, e Celso Sabino, do Turismo.

“Quando trabalhamos juntos, conseguimos ir mais longe. Unidos por algo maior: o compromisso de construir um Brasil onde o diálogo e o entendimento fazem a diferença”, escreveram ambos os parlamentares em suas redes sociais.

A ideia dos aliados é que os ministros atuem como a ponte para uma articulação entre os candidatos e o governo federal. Ficou acordado que Brito e Elmar se apoiarão até que haja a definição de apenas um dos dois nomes para disputar como sucessor de Arthur Lira. Com a união das siglas, os dois partidos contam com outros quatro ministérios no Executivo: Alexandre Silveira (Minas e Energia), André de Paula (Pesca) e Carlos Fávaro (Agricultura) filiados ao PSD, e Waldez Goés (Desenvolvimento Regional), que apesar de ser do PDT, foi indicado pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Dessa forma, a proposta dessa aliança é formar uma frente “pró-governo” – em oposição ao candidato Hugo Motta, que atualmente conta com o apoio dos partidos PP, PL e Republicanos.

Centrão

E com as surpresas nas negociações de apoio na disputa da presidência da Câmara, o Partido dos Trabalhadores (PT) pode vir a ganhar um protagonismo e sair da posição de coadjuvante que parecia que teria. Com o Centrão dividido entre Elmar e Hugo Motta, poderá o governo e o PT serem decisivos, dependendo da escolha que fizerem.

Para a reportagem a especialista em relações governamentais da BMJ Gabriela Santana reiterou que essa diferença vai partir do próprio Lula, que deve considerar o apoio a um candidato que garanta pautar e aprovar mais projetos do governo do que Lira.

“Hugo Mota tem basicamente um apoio velado da oposição. Então, isso acende um alerta para o presidente Lula sobre a questão da governabilidade. Ele precisa ter um candidato que garanta a ele que ele vai conseguir passar as pautas importantes para o governo ao longo desses próximos dois anos”, destacou Santana.