Após cadeirada, Marçal cai e Datena sobe

Nunes, Boulos e Marçal seguem empatados em primeiro lugar dentro da margem de erro

Por Karoline Cavalcante

Quaest mostra queda de Marçal e subida de Datena após o episódio da cadeirada

O Instituto Quaest divulgou nesta quarta-feira (18) o resultado da pesquisa sobre a eleição para a prefeitura de São Paulo, que mostrou os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (Psol) e Pablo Marçal (PRTB) em um empate técnico na liderança, considerando a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos.

O levantamento, encomendado pela TV Globo, é o primeiro a revelar os efeitos da agressão do candidato José Luiz Datena (PSDB) contra Marçal, ocorrida durante o debate da TV Cultura no último domingo (15). Datena atingiu seu opositor com uma cadeirada após uma série de provocações. A pesquisa mostra que Marçal sentiu a cadeirada.

Nunes, atual prefeito e candidato à reeleição, se manteve estagnado na liderança, registrando 24% das intenções de voto, a mesma porcentagem obtida na última pesquisa, divulgada em 11 de setembro.

Boulos alcançou 23% das intenções de voto, refletindo um crescimento de 2% em comparação ao levantamento anterior, quando tinha 21%.

Já Marçal, que vinha registrando um crescimento substancial nas últimas pesquisas, apresentou um recuo. No estudo realizado de 25 a 28 de julho, o ex-coach alcançou 13%; um mês depois, entre 25 e 27 de agosto, subiu para 19%; e, na pesquisa de 8 a 10 de setembro, chegou a 23%. Agora, caiu para 20%.

Em seguida, Datena, que apresentava um declínio desde a primeira pesquisa, alavancou. No estudo realizado entre 25 e 28 de julho, o jornalista obteve 19%. Já na avaliação de 25 a 27 de agosto, sua porcentagem caiu para 12%. A tendência de queda continuou na pesquisa de 8 a 10 de setembro, quando registrou apenas 8%. Agora, Datena subiu dois pontos, indo a 10%.

A candidata Tabata Amaral (PSB) vem em seguida, com 7%, o que representa uma queda em relação ao levantamento anterior, quando alcançou 8%.

Marina Helena (Novo) manteve seu resultado inalterado, com 2%. Os demais candidatos não alcançaram 1% de intenção de voto. Além disso, 7% dos eleitores afirmam que pretendem votar nulo ou em branco, enquanto outros 7% se consideram indecisos.

A pesquisa ouviu 1.200 pessoas entre 15 e 17 e foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo SP-00281/2024. O nível de confiança é de 95%.

Cadeirada

Em análise do cientista político, Rócio Barreto, os eleitores estão acompanhando mais as campanhas de rádio e TV, e não somente a internet. Como o PRTB, partido de Marçal, não tem deputados federais, ele não tem tempo de propaganda. Além disso, o episódio da cadeirada por parte de Datena foi visto como uma “reação” justificada.

“Então a análise é a seguinte: as pessoas viram no Marçal um comportamento provocativo, infantil e incoerente para as eleições. E viram no Datena uma atitude um tanto impensada, mas natural de uma pessoa que é provocada. Viram no Datena uma atitude de estar revidando a uma provocação”, explicou Barreto.

Definitivo?

Na análise sobre a decisão do voto, a pesquisa revelou que 54% dos eleitores de São Paulo consideram sua escolha definitiva, enquanto 45% acreditam que ainda pode haver mudanças. Esse cenário é semelhante ao da pesquisa anterior, em que 55% afirmavam ter uma decisão consolidada.

Entre os eleitores de Ricardo Nunes (MDB), a confiança na escolha caiu de 53% para 51%. Já no caso de Pablo Marçal (PRTB), houve uma diminuição significativa, passando de 66% para 60% dos eleitores que se consideram decididos. Em contraste, os apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL) mostraram uma leve elevação na certeza de sua escolha, subindo de 63% para 65%.

“O Nunes e o Boulos estão acima. Ou seja, têm um eleitor muito fiel da intenção de voto”, avalia o cientista político Leandro Gabiati. Já não parece ser tanta a certeza dos eleitores de Marçal. “Agora o Nunes e o Boulos, eventualmente, têm mais chances de crescer na intenção de voto nas próximas semanas”, conclui.

Segundo turno

O levantamento simulou três possíveis cenários de segundo turno. O atual prefeito venceria a eleição disputando contra os dois principais oponentes. Em uma disputa contra Boulos, Nunes venceria por 46% a 35% (antes, 48% a 33%). Já em uma competição contra Marçal, Nunes ganharia de 47% a 27% (antes, 50% a 30%).

Caso o segundo turno seja entre Boulos e Marçal, o psolista venceria por 42% a 36%. Na pesquisa anterior, o resultado desse quadro era bem próximo, com Boulos vencendo por 40% contra Marçal, que obteve 39%.