Zambelli falta a depoimento no STF
Deputada é investigada por invasão ao sistema do CNJ
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) faltou ao depoimento marcado para esta quinta-feira (26) no Supremo Tribunal Federal (STF). A oitiva ocorreria na ação penal na qual a parlamentar e o hacker Walter Delgatti são réus pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023.
Em nota, a assessoria de Zambelli disse que ela está hospitalizada e vai passar por um procedimento de emergência. Ela estaria internada no Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo, após um mal estar. Segundo sua assessoria, ela tem feito exames para identificar a razão de uma arritmia. O boletim médico divulgado informa que a deputada teve uma “síncope” (alteração no ritmo cardíaco). Segundo a nota divulgada na tarde de quinta-feira (26), não havia naquele momento informação de alta.
Delgatti compareceu à oitiva, mas não foi ouvido. A assessoria do hacker não informou o motivo. Ele está preso em uma penitenciária de Araraquara (SP) e é réu confesso.
Unanimidade
Em maio deste ano, Zambelli e Delgatti viraram réus após a Primeira Turma do Supremo, por unanimidade, aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR)que acusa a deputada de ser a autora intelectual da invasão para emitir um mandato falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
A deputada e o hacker respondem pelos crimes de falsidade ideológica e invasão a dispositivo informático.
A defesa de Carla Zambelli sustenta que não há provas de que a parlamentar tenha incentivado o ataque hacker ao sistema do CNJ.
Entenda
Segundo a investigação, Carla Zambelli teria contratado o hacker, o mesmo que obteve informações das conversas entre o senador Sergio Moro, quando era o juiz da Operação Lava Jato com procuradores, nas quais combinava ações e condenações. O episódio, publicado pelo site Intercept Brasil, ficou conhecido como Vaza Jato.
A contratação teria o propósito de evidenciar supostas fragilidades no sistema eletrônica da justiça, especialmente da Justiça Eleitoral.
O hacker teria, inclusive, inserido no sistema do CNJ uma falsa ordem de prisão contra Moraes.
O STF ouve depoimentos dessa investigação desde segunda-feira (23). Réus, Zambelli e Delgatti têm o direito de serem ouvidos por último.
Valdemar
Se Zambelli e Delgatti não depuseram, depôs o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, partido de Zambelli e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Valdemar confirmou que teve uma reunião com Delgatti e com o advogado que representa o hacker, Ariovaldo Moreira. Delgatti teria pedido a Valdemar um emprego no PL, mas não foi contratado. O advogado do hacker, segundo Valdemar, também teria pedido emprego. O presidente do PL afirmou que orientou os dois a procurarem o marqueteiro Duda Lima, que atuou na campanha de Bolsonaro e agora atua na campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição em São Paulo.
Valdemar disse que teria feito um “teste” com Delgatti, sugerindo que ele invadisse o celular da sua secretária. O hacker disse que precisaria de uma semana.
Com informações da Agência Brasil