Por: Gabriela Gallo

Polarização saiu enfraquecida do primeiro turno

Candidatos traçam suas estratégias para o segundo turno | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Após o primeiro turno das eleições municipais, neste domingo (6), dos 103 municípios autorizados a ter um segundo turno, eleitores aptos de ao menos 50 cidades do país retornarão às urnas no dia 27 de outubro. Desse total, estão 15 capitais brasileiras que ainda escolherão seus futuros prefeitos. Das onze capitais brasileiras que elegeram seus prefeitos logo no primeiro turno, dez já ocupavam o respectivo cargo e foram reeleitos. A única exceção é em Teresina (PI), onde o candidato Silvio Mendes (União Brasil) assumirá no lugar de Dr. Pessoa (PRD).

Considerando as informações do primeiro turno, o cientista político Isaac Jordão avaliou que o as eleições municipais deste ano demonstram que a polarização, tão presente nas últimas eleições, “parece mostrar cansaço e estar arrefecendo”.

“Os partidos que se identificam com o centro foram os maiores vitoriosos, especialmente o PSD, que é de centro-direita mas tem gente nos dois lados do centro, e o MDB, que também é um partido de centro com lideranças dos dois lados. Afora eles, PP e União Brasil, que são partidos também de centro, mas mais de centro-direita, sem se furtar aos acordos”, disse ao Correio da Manhã.

Na mesma linha de pensamento, o consultor em análise política da BMJ Consultores Associados Érico Oyama reforçou que os dados apontam que o presidente Lula “é mais forte do que a esquerda”. No primeiro turno, o Partido dos Trabalhadores elegeu 250 prefeitos, nenhum em capitais. Quatro candidatos da sigla tentam o segundo turno. “A vitória de Lula em 2022 deve-se mais ao carisma de Lula e à memória da população das gestões que teve como presidente. O resultado também mostra o poder que [o ex-presidente Jair] Bolsonaro tem como cabo eleitoral, com vários aliados eleitos ou com vaga na disputa de segundo turno”, afirmou.

Estratégias

As 15 capitais federais realizaram o segundo turno eleitoral dia 27 são: São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Manaus (AM), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), João Pessoa (PB), Belém (PA), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Aracajú (SE) e Palmas (TO). Nesse meio tempo, os candidatos que ele disputam o segundo turno seguem a todo vapor e elaboram suas estratégias para tentar ganhar a nova etapa da disputa.

Segundo Isaac Jordão, enquanto no primeiro turno das eleições municipais o foco são eleições mais pragmáticas que ideológicas – com um foco no que o candidato de fato fará para a cidade –, no segundo turno, as estratégias são de maior confronto entre os candidatos, já que o vencedor será o “menos rejeitado”.

“É conseguir se mostrar como a opção mais viável ao mesmo tempo em que se demonstra que o oponente é pior. Neste sentido, a aposta na ‘polarização’ ideológica vai ser muito maior, principalmente nas prefeituras em que PT e PL estão em lados opostos”, disse o cientista político. Essa polarização acontecerá em Fortaleza, onde disputam os candidatos André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT), e em Cuiabá, onde disputarão o cargo de prefeito os candidatos Abílio Brunini (PL) e Lúdio Cabral (PT).

Por outro lado, o cientista político Rócio Barreto avalia que, no caso das eleições municipais, os candidatos com maiores chances de serem eleitos são aqueles com propostas centradas e mais “pé no chão”, citando como exemplo o candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB). Apesar de ter se tornado um candidato bastante comentado, tanto que algumas pesquisas eleitorais apontavam um possível segundo turno com o ex-coach, Marçal ficou fora do segundo turno à prefeitura da cidade.

“Isso é devido às propostas mirabolantes dele e é um reflexo e um espelho para os demais municípios. Os candidatos que oferecerem um leque maior de propostas e essas propostas estiverem fincadas no chão, fortalecidas dentro da possibilidade de ser realizadas, esses candidatos terão mais sucesso do que aqueles que optarem por outras estratégias, querendo criar algum mito. Vimos que os partidos que tiveram mais candidatos eleitos, foram os partidos que ofereceram propostas mais centradas – sem considerar os partidos que elegeram prefeitos com propostas dentro do culto religioso”, disse Barreto à reportagem.

Isaac Jordão ainda pontuou que as eleições também evidenciaram um enfraquecimento da direita. “Em várias capitais e cidades importantes houve disputa entre PL e Republicanos. Isso mostra que existe um racha na direita e que se não for bem tratado por esses agentes pode virar uma ameaça séria ao grupo derrotado”, reiterou o cientista político.