Por: Karoline Cavalcante

Brasil assume a presidência do Brics em 2025

Na ausência de Lula, Mauro Vieira preside a delegação na Rússia | Foto: Ricardo Stuckert / PR

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, o chanceler Mauro Vieira, chegou
na manhã desta segunda-feira (21) em Kazan, na Rússia, onde acontecerá a 16ª cúpula dos líderes do Brics. Devido a problemas de saúde, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não pôde viajar e designou Vieira para representar a delegação brasileira na reunião. Lula participará virtualmente.

De acordo com o governo russo, 32 países confirmaram presença no evento, sendo que 23 serão representados por líderes de Estado. O evento, que está previsto para iniciar na terça-feira (22) e finalizar na quinta-feira (24), discutirá temas como a crise no Oriente Médio; o fortalecimento de instituições financeiras entre os países participantes; o andamento dos trabalhos do Novo Banco de Desenvolvimento; entre outros.

Fomento

No início do mês, o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, informou à Reuters que pediu que o bloco crie uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

“O FMI e o Banco Mundial não estão desempenhando seus papéis. Eles não estão trabalhando nos interesses dos países Brics. É necessário formar novas condições ou mesmo novas instituições, semelhantes às instituições de Bretton Woods, mas dentro da estrutura da nossa comunidade, dentro da estrutura do Brics”, disse o ministro russo. Em 1944, os chamados Acordos de Bretton Woods criaram o sistema financeiro internacional, que têm como base o FMI.

Associados

Além disso, também será discutida a integração de novos membros na modalidade “associado” do bloco. Segundo o Itamaraty, cerca de 30 países manifestaram interesse em participar do grupo. O chanceler brasileiro afirmou que serão definidos os critérios de participação destes membros e que todos os países candidatos têm chance.

"O Brics, com a expansão, é um processo em formação, e os chefes de Estado vão discutir todos os temas que estão na agenda, que são os novos parceiros, as modalidades, os tempos”, explicou o chefe da pasta internacional.

O Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia ingressaram no bloco este ano. Até o ano passado, faziam parte do Brics somente o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Presidência

Após seis anos, o Brasil voltará a assumir a presidência do BRICS a partir de 1º de janeiro de 2025. Em 2024, a Rússia ficou responsável pelo comando do grupo, pois o governo brasileiro pediu para adiar a coordenação em um ano, por também estar à frente da presidência do G20.

A pauta do próximo ano será “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, e terá como temas principais o combate à fome e à pobreza, a redução da desigualdade, a promoção do desenvolvimento sustentável e a reforma das instituições de governança global.

Venezuela

Em meio a questionamentos da comunidade internacional por descumprir acordos nas eleições do país, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, optou por não comparecer à cúpula e enviou a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, e seu ministro das Relações Exteriores, Yván Gil Pinto.

“Chegamos a Kazan, Rússia, para participar na transcendental XVI Cúpula dos BRICS, onde se configura um novo mundo de legalidade e uma nova ordem econômica internacional. A Venezuela forja suas bases diplomáticas e geopolíticas no anti-hegemonismo e na igualdade soberana das nações. Agradecemos a calorosa recepção das autoridades nacionais, regionais e locais”, publicou Rodriguez em seu instagram.

No entanto, o presidente brasileiro teria sinalizado ao seu time de articulação internacional que o Brasil deverá se posicionar contra o ingresso da Venezuela no Brics, justamente pela falta de cumprimento dos acordos de transparência nas eleições presidenciais. As informações foram divulgadas pelo portal G1.