Em São Paulo, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos no 2º turno

Como nas pesquisas, apuração das urnas eletrônica foi acirrada do começo ao fim

Por Da Redação

Ricardo Nunes e Guilherme Boulos vão para a disputa em segundo turno em São Paulo.

Wilson Dias/Agência Brasil - Prefeito quer evitar nacionalização da disputa

Bruno Spada/Câmara dos Deputados - Guilherme Boulos lidera a nova pesquisa

 

Como já era o esperado, a cidade de São Paulo só saberá quem será seu próximo prefeito no dia 27 de outubro. Após uma acirrada apuração, desde o início, o último resultado das eleições entre as capitais brasileiras trouxe Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) como os dois nomes que continuam na disputa pela capital paulista, na noite deste domingo (6).

Segundo a última atualização da apuração, divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Nunes teve 1.801.139 votos (29,48%) dos votos, enquanto Guilherme Boulos obteve 1.776.127 (29,07%). Resultado este que no início trazia Pablo Marçal (PRTB), que obteve 1.719.274 votos (28,14%), em segundo lugar, mas acabou terminando em terceiro com as seções eleitorais totalmente apuradas. As pesquisas traziam um empate técnico e de fato, a cada atualização do tribunal, a diferença entre os três era mínima. Na sequência: Tabata Amaral (PSB) obteve 605.552 (9,91%); Datena (PSDB) 112.334 (1,84%); Marina Helena (NOVO) 84.212 (1,38%); Ricardo Senese (UP) 5.593 (0,09%); Altino Prazeres (PSTU) 3.017 (0,05%); João Pimenta (PCO) 960 (0,02%); e Bebeto Haddad, que estava sub judice, com 833 votos (0,01%).

Ainda de acordo com o TSE, a capital paulista contou com 6.773.587 votos, sendo eles: 6.108.2018 válidos; 899 anulados sub judice; 422.802 nulos; e 241.734 em branco.

Ricardo Nunes

Assumiu o protagonismo político na cidade de São Paulo ao ocupar a cadeira de prefeito após a morte de Bruno Covas (PSDB), que faleceu em 2021, vítima de câncer. O candidato do MDB, antes de ser prefeito, foi vereador entre 2013 e 2020, tendo sido apadrinhado nesta campanha pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e, de modo mais discreto, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Empresário, tornou-se bem sucedido no ramo de controle de pragas, com uma empresa especializada no ramo da desinfecção de navios nos portos do país. Foi fundador da Associação Brasileira das Empresas de Tratamento Fitossanitário (Abrafit) e diretor da Associação Empresarial da Região Sul de São Paulo (AESUL). Também foi presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo.

Como político na Câmara Municipal, se notabilizou ao presidir a comissão parlamentar de inquérito sobre sonegação de impostos, a CPI da Sonegação Tributária.

Também ficou conhecido por defender a anistia a templos religiosos e defender pautas conservadoras. É filiado ao MDB desde os 18 anos. Foi alçado a vice de Bruno de Covas quando o adversário, e derrotado, destas eleições José Luiz Datena desistiu do pleito.

Nunes tem sua base eleitoral na zona sul, na região do Grajaú. Seu vice é o ex-coronel da reserva da polícia militar e ex-presidente da Ceagesp, Ricardo de Mello Araújo, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Com 56 anos, é casado e tem três filhos. Na campanha de 2020 e nesta também teve que defender-se das acusações de ter violência doméstica contra a companheira Regina Carnovale, em 2011. A esposa teria feito um boletim de ocorrência sobre ameaças e injúria. Nunes chegou a alegar que o documento era falso, mas a Secretaria de Segurança Pública confirmou a veracidade do documento.

Também esteve envolvido em acusações de favorecimento em contratos da prefeitura a amigos, teve que lidar com denúncias de participação do PCC em contratos de transporte público e de superfaturamento em licitações.

Guilherme Boulos

Pela segunda vez, Guilherme Boulos, do PSOL, participa de um segundo turno na disputa pela cadeira de prefeito de São Paulo. O atual deputado federal liderou a maioria das pesquisas de sondagem de voto durante toda a campanha, mas sempre com margens apertadas para os demais candidatos, principalmente Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB).

Professor, psicanalista, escritor e ativista dos direitos à moradia, Boulos é a esperança da esquerda retomar o comando da principal cidade do país, considerada estratégica para as próximas eleições presidenciais em 2026.

Tem a ex-prefeita de São Paulo, ex-deputada e ex-ministra Marta Suplicy como vice e o apoio do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Com 42 anos, o candidato socialista iniciou sua trajetória política como militante do movimento por moradia, sendo um dos principais dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Foi preso em função de seu ativismo, processado várias vezes, mas nunca chegou a ser condenado.

Chegou a candidatar-se a presidente do país em 2018 pelo PSOL, numa coligação com o PCB e o movimento indígena. Na época, sua vice foi a atual ministra Sonia Guajajara, atual ministra dos Povos Indígenas. A chapa teve 617.122 votos, ficando em no modesto décimo lugar no primeiro turno.

Em 2020 chegou a disputar o segundo turno das eleições, mas foi derrotado pelo então prefeito Bruno Covas, que faleceu em 2021. À época, o vice Ricardo Nunes assumiu o comando da prefeitura da capital.

Em 2022, o candidato do PSOL foi o primeiro mais votado em São Paulo e segundo mais votado do país na disputa por uma cadeira na Câmara dos Deputados, com cerca de 1.001.453 votos.

Na véspera da eleição denunciou a publicação de um falso laudo médico por parte da campanha de Pablo Marçal, acusando-o de depressão pelo uso de drogas. Por causa disso, Marçal teve suas redes sociais suspensas pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Casado com Natalia Szermeta, tem duas filhas. É filho de um casal de médicos e neto de libaneses.

Com informações de Agência Brasil