Gabriel Galípolo é o novo presidente do Banco Central

Após sabatina, ele foi aprovado por unanimidade na CAE e folga no plenário do Senado

Por Gabriela Gallo

Galípolo afirmou que Lula lhe garantiu autonomia no BC

Sem resistência, o plenário do Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (8), a indicação de Gabriel Muricca Galípolo para assumir a presidência do Banco Central (BC). A indicação foi aprovada por 66 votos favoráveis, cinco contrários e nenhuma abstenção. Ele entrará no lugar de Roberto Campos Neto em janeiro de 2025 e atuará no posto por quatro anos. Pouco antes da sessão em plenário, o economista também teve seu nome aprovado por unanimidade na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa, por 26 votos favoráveis e nenhum contrário.

“Existem numerosos desafios pela frente, como a consolidação de uma agenda capaz de criar uma economia mais equânime e transparente, capaz de combinar maior produtividade e sustentabilidade, o que envolve o compromisso permanente do Banco Central no combate à inflação”, afirmou Galípolo durante sua participação na CAE.

Questionado pelos senadores, ele ainda disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que ele terá liberdade e autonomia no desempenho de sua função e em suas decisões, para que ele se oriente pelo interesse do bem-estar da população.

Indicado por Lula, a aprovação de Galípolo era esperada, devido a seu histórico dentro do próprio Banco Central. Embora tenha a confiança do governo, Galípolo é oriundo do mercado financeiro, e contava, assim, com simpatia mesmo entre os senadores mais conservadores. Em julho do ano passado, ele já tinha sido sabatinado no Senado para assumir o posto de diretor de Política Monetária do BC, também tendo sido aprovado na ocasião sem problemas. Em seu tempo de atuação no cargo, buscou ser um consenso entre a instituição e o governo federal – especialmente em meio às críticas do Executivo contra Roberto Campos Neto na política do Banco Central com relação à taxa de juros.

Juros

Curiosamente, um dos poucos votos contrários acabou sendo de um senador da base do governo. O senador Marcelo Castro (MDB-PI) votou contrário à indicação do Gabriel Galípolo. O parlamentar defendeu que nenhum presidente do Banco Central deveria ser nomeado enquanto não apresentasse alternativas para reduzir as altas taxas de juros cobradas pelos bancos brasileiros.

Para o senador, nenhum diretor do BC que foi ao Senado concedeu uma resposta satisfatória. O mesmo se aplicou a Galípolo, que se encontrou com o parlamentar dias antes de sua sabatina. Dessa forma, Marcelo Castro se posicionou contrário à indicação até que algum candidato “deixe de trabalhar para meia dúzia de banqueiros” e passe a trabalhar para a população.

“O que nós podemos esperar? É que o Banco Central continue a ser como vem sendo há décadas, agindo em detrimento da sociedade brasileira. Votei contra esse, votei contra o do passado [Campos Neto] e votarei contra o do futuro, não quero saber quem é. Tenho o compromisso comigo mesmo de votar contra qualquer diretor enquanto ele não corrigir esses dois problemas graves: as taxas e os juros”, reiterou o parlamentar.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) também criticou as taxas de juros ligadas ao rotativo do cartão de crédito. Porém, em contrapartida, o senador disse que votou favorável à indicação do economista por “ter esperança” que ele seguirá dando continuidade às políticas econômicas do que ele julgou serem “os três pilares para a economia brasileira”. Para o senador, esses pilares são as taxas de juros do rotativo de cartão de crédito, políticas públicas e econômicas para os microempreendedores (MEI) e o cheque especial.