CPI das Bets necessária para "impor limites", diz Thronicke

Em entrevista exclusiva ao Correio da Manhã nesta quinta-feira (10), a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) detalhou suas expectativas sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets. A senadora é a autora do pedido de investigaçao aprovado esta semana. Ela irá pleitear a relatoria.

“Sinceramente, eu não sei jogar nem baralho”, disse a senadora ao Correio. “Eu não consigo dizer nem o nome dos naipes e, entendo que tudo que se transforma em vício, precisa de um controle. Não é porque eu não jogo e não me interesso que deixa de ser um problema para o Brasil”, continua ela. “Eu vejo que é necessário investigarmos todas as possíveis ilegalidades dentro desses jogos, porque temos visto famílias sendo destruídas, pessoas se suicidando e. por fim, influenciadores e empresas ganhando rios de dinheiro”, disse a senadora.

O requerimento para a criação da comissão foi apresentado por Thronicke e apoiado por outros 30 senadores. No Plenário do Senado desta terça-feira (8), o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD), fez a leitura do texto, que tem por objetivo investigar “a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro, bem como o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades.”

Composição

Segundo a ementa, a CPI terá 130 dias para concluir seus trabalhos, será composta por 11 membros titulares e sete suplentes. O limite de despesas da CPI é de R$ 110 mil. Sobre o cronograma de trabalho, a senadora informou que, no momento, ainda estão aguardando os nomes indicados pelas lideranças para composição do grupo.

“Logo depois, teremos uma sessão para elegermos o presidente, o vice e o relator.
Só então o relator escolhido poderá criar um cronograma de trabalho e apresentá-lo em sessão”, explicou

Sobre a expectativa quanto à CPI, Soraya disse que os parlamentares participantes querem “investigar de forma firme”, pois o vício em jogos de azar online tem trazido, de forma silenciosa, “inúmeros males para a sociedade”.

Limites

“A minha expectativa é colocar ordem nesta questão, impor limites para conseguirmos controlar o problema e, principalmente, trazer clareza para as pessoas sobre o que os jogos podem causar em suas vidas. Nós temos visto notícias diárias sobre pessoas que perderam tudo. As clínicas de reabilitação estão tendo que receber pessoas por conta desse vício em específico, então não dá mais para fechar os olhos. É hora de agir”, afirmou.

“O Brasil não é uma terra sem lei, precisamos colocar ordem nesta situação e trazer limites legais para a atuação de jogos de apostas no nosso país. Um exemplo é o meu PL 3757/2024 que proíbe a utilização de benefícios de programas sociais para a realização de apostas. Se aquela pessoa tiver outra fonte de renda, tudo bem, mas aquele dinheiro que ela ganha para sua subsistência deve ser gasto com as necessidades básicas”, acrescentou.

Manipulação

Na avaliação de Soraya Thronicke, a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, que já está em curso, não abrange todas as apostas online. Então, segundo ela, faz-se necessária a criação de uma nova comissão direcionada para investigar o tema em questão. Em relação á contribuição que poderá trazer, ela acredita que a investigação entrega ao cidadão informações que ele não receberia de outra forma.

“A CPI tem um condão pedagógico muito grande. Por ser televisionada e por toda a imprensa acompanhar, conseguimos levar ao cidadão informações que ele não teria caso as investigações corresse em segredo de justiça. A população precisa ter ciência de como funcionam os jogos de azar online”, finalizou a senadora.